Fragilidade em idosos que cuidam de outros idosos é comum e deve estar no foco dos profissionais de saúde

by_JorgeJesus4O idoso que cuida de outro idoso tem alta prevalência de pré-fragilidade e fragilidade. Esse é o principal resultado de uma pesquisa realizada no Departamento de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com 328 pessoas com mais de 60 anos residentes no município de São Carlos, que cuidam de idosos dependentes. Desses cuidadores, 60% apresentaram pré-fragilidade e 20%, fragilidade.
A síndrome da fragilidade é uma condição que acomete idosos e se manifesta por meio de, ao menos, três dos seguintes sinais ou sintomas: fraqueza muscular, fadiga ou exaustão, lentidão para caminhar, diminuição do nível de atividade física e perda de peso sem dieta. Já a pré-fragilidade é um estágio intermediário reconhecido pelo aparecimento de no mínimo dois desses sinais ou sintomas.
A pesquisa da gerontóloga Ingrid Cristina Lopes e da fisioterapeuta Roberta de Oliveira Máximo considerou que, por prover cuidados a outro idoso – atividade que requer esforço físico e psicológico –, os cuidadores poderiam ter maior risco de apresentar fragilidade, o que foi comprovado pelos resultados da pesquisa. A pesquisa teve orientação do fisioterapeuta Tiago da Silva Alexandre, professor do Departamento e presidente da seção Gerontologia da SBGG-SP,
Entre os cuidadores, aumento da idade, ser do sexo feminino, não ter vida conjugal, ter sintomas depressivos e dor estiveram mais associados à pré-fragilidade e fragilidade. O estilo de vida sedentário foi associado apenas com a pré-fragilidade, enquanto viver em área urbana, baixa renda e declínio cognitivo foram associados apenas à fragilidade.
O estudo mostra que os familiares e os profissionais de saúde devem dar atenção a esses idosos cuidadores, uma vez que a pré-fragilidade e estágios iniciais da fragilidade podem ser reversíveis. Por esse motivo, Alexandre faz um alerta aos profissionais da área. “Todos os especialistas em Gerontologia devem estar atentos às condições clínicas, sociais e psicológicas dos idosos que cuidam de outros idosos, uma vez que esses também estão em condições de apresentarem, num curto período de tempo, os desfechos negativos causados pela fragilidade”, orienta.