As cinco principais questões enfrentadas por cuidadores familiares

Cuidar de um parente idoso ou outro ente querido em sua casa geralmente começa com a melhor das intenções. Ao longo do tempo, no entanto, uma coisa boa pode desintegrar-se em uma situação difícil e tensa. Conhecer os principais pontos de conflito pode ajudá-lo a fazer as mudanças que podem adiar ou evitar a institucionalização do idoso.
A seguir você vai conhecer cinco “pontos delicados” que dificultam o cuidado de familiares idosos e o que fazer com eles:
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[acc_item title=”Ponto delicado # 1: Falta de privacidade“]
Todos em uma família cuidadora necessitam de privacidade – a liberdade de existir em seu próprio espaço.
Ter privacidade física significa ter limites que permitem que todos na casa tenham um tempo apenas para si, sem ter que interagir com ninguém. Isso é especialmente difícil em espaços pequenos ou quando o idoso tem demência. A desinibição (perda da adequação social), que pode ser parte de uma demência como a doença de Alzheimer, pode levar um ente querido a entrar de sopetão em quartos e banheiros, por exemplo.
Ter privacidade mental significa poder continuar alguma versão de tradições e tempo em família já estabelecidos. Embora seja importante para integrar o idoso à vida em família, isso precisa ser equilibrado com o risco de alienar as crianças e cônjuges que podem sentir falta de velhas rotinas ou que possam se sentir ignorados.
“Por uma questão de necessidade, o tempo e a energia da prestação de cuidados é tirado de outras coisas, principalmente da família”, diz o psiquiatra geriátrico Ken Robbins, da Universidade de Wisconsin-Madison, que aconselha cuidadores familiares. “Este deve ser o maior problema para os cuidadores.”
Falta de privacidade: soluções
Faça as melhorias necessárias na casa para permitir que o idoso tenha seu próprio espaço, não apenas para dormir, mas também para a vida: um aparelho de TV e uma cadeira confortável, uma escrivaninha, oportunidades para sair da casa. Evite fazer uma criança dividir um quarto com um idoso, se puder.
Estabeleça regras na casa com as quais todos concordem, especialmente quanto ao uso da TV, da cozinha e outros possíveis pontos de conflito. Tenha em mente, porém, que, no caso de demência, as regras tornam-se menos realistas à medida que a doença progride.
Certifique-se de ter tempo a sós com cada um dos membros da família. O idoso nem sempre tem que vir em primeiro lugar; use cuidadores ou outros parentes para complementar o cuidado.
Não adie férias, eventos escolares ou esportivos ou outras atividades familiares anteriores por tempo indeterminado.
Se as intromissões passarem dos limites, conversa com o médico para se certificar de que os medicamentos (como ansiolíticos) não estão contribuindo para o problema. Se a agressão é o problema e não pode ser controlada com a modificação de comportamento ou medicação, esse pode ser o sinal de que talvez seja necessário um atendimento domiciliar. Todos na casa – incluindo você – devem estar seguros.
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[acc_item title=”Ponto delicado # 2: Ignorando a falta de sono“]
O cenário é comum: o ciclo vigília-sono do idoso é confuso. Isso atrapalha o sono do cuidador, que já está se desdobrando para gerenciar as necessidades de todos. Esta falta de sono põe em perigo sua saúde física e mental.
Os problemas de sono são muitas vezes rejeitado pelos cuidadores, por duas razões comuns e equivocadas, diz o psiquiatra geriátrico Ken Robbins. Primeiro, eles assumem que a falta de sono faz parte do envelhecimento ou de demência, e que nada pode ser feito sobre isso. Em segundo lugar, eles temem que discutir problemas de sono é algo “egoísta”, para seu próprio benefício.
Na verdade, a resolução de problemas de sono ajuda a todos. O idoso cujas dificuldades de sono são abordadas vão experimentar melhor humor, mais energia, e menos dor; o sono está intimamente ligado com as três condições. E o cuidador que faz de seu próprio sono uma prioridade será mais capaz de lidar com o estresse de cuidar e terá mais energia para cada parte da vida.
Ignorando a privação do sono: soluções
Primeiro certifique-se de que a “higiene do sono” básica do idoso está em ordem: nada de bebidas estimulantes ou atividade no final do dia. Um quarto escuro e silencioso. Roupa adequada para o sono (idosos às vezes cochilam em suas roupas do dia). Nada de TV ou equipamentos eletrônicos usados no quarto durante a noite. Uso de uma cama confortável adequada, não uma espreguiçadeira.
Em seguida, certifique-se de seus próprios hábitos de sono são igualmente saudáveis. Aquele cafezinho às 5 da tarde ou um drink após o jantar não são boas ideias.
Com um médico, faça uma avaliação de medicamentos para verificar se nenhum deles está interferindo com o sono. Os benzodiazepínicos usados para a depressão e como soníferos de curto prazo pode impedir o sono.
Se você já fez tudo o que podia para criar um ambiente de sono saudável, discuta os problemas de sono com o médico responsável pelo idoso. Um ciclo de sono-vigília confuso não é parte normal do envelhecimento. É uma característica da demência (porque as mudanças no cérebro podem atrapalhar o ritmo circadiano), mas que muitas vezes pode ser remediada por uma boa rotina familiar ou com a abordagem dos medos da pessoa para reduzir a ansiedade. Em última instância, podem ser prescritos medicamentos para melhorar o sono.
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[acc_item title=”Ponto delicado # 3: Síndrome do soldado solitário“]
Os cuidadores também muitas vezes desenvolvem a mentalidade do “soldado solitário”, mesmo sem perceber. Ao se sentirem responsáveis pelo idoso, acabam por assumir a carga completa, indo adiante sem levar em conta suas próprias necessidades emocionais. Resultado final: um soldado gravemente ferido que não pode ajudar ninguém.
Na realidade, é preciso um exército inteiro para gerir o cuidado de forma eficaz. Não ter outras saídas emocionais, onde você pode desabafar e ser você mesmo, e não deixar que outros o ajudem nas questões práticas, resulta em uma receita infalível para cair – ou desistir.
Síndrome do soldado solitário: soluções
Deixe de lado a ideia de que pedir ajuda é um sinal de fraqueza. Se algum dia você precisou de outras pessoas em sua vida, esse dia é hoje.
Encontre um grupo de apoio ao cuidador. Os grupos oferecem um nível de apoio emocional e uma mentalidade de solução de problemas em grupo que é diferente de uma terapia individual.
Procure um terapeuta se você estiver experimentando sinais de depressão. Não é nenhum estigma para obter ajuda; cuidadores e profissionais de saúde (especialmente demência) estão, de fato, em maior risco de depressão.
Faça pausas mensais ou, idealmente, semanais.
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[acc_item title=”Ponto delicado # 4: Não antecipe o que está por vir“]
Como os bombeiros, os cuidadores tendem a sair de uma crise para outra. Infelizmente, essa é uma maneira extremamente cansativa de se viver e alimenta o sentimento estressante de que sua vida está à mercê de uma força imprevisível em sua casa.
“Sentir falta de controle vem em parte de uma falta de conhecimento sobre o que esperar”, diz o psiquiatra geriátrico Ken Robbins. “Especialmente com demência, ser capaz de dar um passo atrás e ver a imagem de outra perspectiva pode ajudá-lo a fazer planos apropriados e, em seguida, se sentir com mais controle das coisas.”
Não antecipando: soluções
Faça planos de contingência. “Viver o momento” é um bom conselho para ajudá-lo a gerenciar o estresse, mas não o faça sem um pequeno planejamento. Uma vez por semana, dedique uma hora de seu dia para se concentrar em cenários “se isso, então aquilo”. Este tipo de pensamento ajuda a, pelo menos, iniciar o processo de considerar onde você pode encontrar mais ajuda, que tipo de modificações em casa poderiam ajudar e como você poderia fazê-las, situações de vida alternativas, e assim por diante.
Faça listas de suas opções, ou de lugares e pessoas com quem você pode entrar em contato para resolver eventuais problemas comuns à sua situação.
Saiba o máximo que puder sobre a condição do seu ente querido e como ela normalmente progresso. Os cuidadores às vezes relutam em “adiantar a leitura ” por medo de não conseguir se relacionar com as fases mais tardias da doença. Eles também ficam presos ao medo de “azarar” a situação – muitos acreditam que se pensarem muito em algo, ele pode se tornar realidade. Doenças são realidades, e não desejos. Peça que o médico responsável por seu parente seja sincero sobre o prognóstico e evolução da doença, leia informações online e peça ajuda a outras pessoas que já estiveram na mesma situação.
Se o seu idoso tem demência, entenda as várias etapas da doença, identifique em que fase está seu parente e o que pode ser feito a seguir.
Considere um grupo de apoio. Estes grupos ajudam a visualizar os problemas futuros, graças à colaboração de outros membros.
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[acc_item title=”Ponto delicado # 5: Tarefas esmagadoras de cuidado“]
Talvez as principais dificuldades nos cuidados domiciliares sejam as questões práticas que vão além da capacidade do cuidador. Entre elas podemos citar: incontinência, levantamento de peso, vaguear (em pacientes com demência). Tanto a incontinência urinária quanto a incontinência fecal, por exemplo, estão entre as principais causas de institucionalização. A esposa pequena ou frágil de um homem grande é outro cenário complicado.
“Essas situações muitas vezes acabam na institucionalização do idoso, que pode ser uma boa solução para todos”, diz o psiquiatra Ken Robbins. “Às vezes, porém, há uma resposta fácil que permite que os cuidados continuem em casa.”
Tarefas esmagadoras de cuidado: soluções
Certifique-se de que houve um exame físico minucioso para avaliar se um problema, como a incontinência, pode ser corrigido. Fraldas geriátricas e horários ir ao banheiro, ou uma mudança na medicação, podem tornar a incontinência mais manejável, por exemplo. Quedas e problemas para levantar são outros problemas fisiológicos que podem ser tratáveis.
Para questões comportamentais, como vaguear, aprenda as formas básicas para resolver o problema, como alarmes no chão, fechaduras e redução de ansiedade, e veja se eles fazem diferença.
Avalie se trazer mais ajuda, como assistentes pessoais ou auxiliares de enfermagem, pode lhe dar mais tempo e a ajuda-lo com desafios difíceis, como dar banho e vestir o idoso.
Certifique-se de que você não está tentando resolver o problema sozinho. Explore possíveis soluções com outros membros da família, uma assistente social ou gestor de cuidados geriátricos, médicos e amigos – incluindo virtuais – que possam ter experimentado problemas semelhantes.
Se você já explorou todas as opções e as coisas ainda não estão funcionando, pergunte-se se você está resistindo à institucionalização por causa da culpa. “Dê um passo para trás”, diz Robbins. “Se um problema é perigoso para qualquer um de vocês, você deve se perguntar por que está relutando tanto em não fazer uma mudança.” O especialista observa muitas vezes que quando os cuidadores não estão mais frustrados e irritados com seu familiar idoso o tempo todo, eles são mais capazes de gastar energia emocional para apreciar um ao outro novamente.
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