GERP.17: A economia do envelhecimento

DSC_1342A mesa-redonda “A economia do envelhecimento” teve como um dos destaques o tema “O idoso no mercado de trabalho” com Denise Mazzaferro, administradora de empresas, mestre em gerontologia  e sócia da Angatu IDH, consultoria em pós-carreira. “Falar de mercado de trabalho é um desafio não só para quem tem mais de 60 anos, mas também para os jovens”, iniciou a especialista, traçando, em seguida, um panorama do atual momento. “Estamos vivendo uma fase de transição. Não há um modelo pronto para a longevidade, nem no Brasil, nem fora dele.”
O cenário nacional – de alta taxa de desemprego, de reforma da previdência, de aumento na população de homens desempregados e a possibilidade do lançamento de um regime especial de trabalho para quem é aposentado – ainda é bastante incerto.  A administradora lembra que há muitos preconceitos cercando a questão do trabalho de idosos, seja o empregador que acha que o candidato ao cargo experiente demais ou que não vai aceitar ganhar um salário menor do que o que tinha na carreira antes da aposentadoria.
Outro aspecto que começa a surgir agora nas empresas é o idoso que disputa uma vaga de estagiário. Denise conta que o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) tem mais de 4 mil profissionais acima dos 40 anos em seu banco de dados de estágio. “São idosos que não tinham curso superior e percebem que fica cada vez mais difícil encontrar um emprego. Assim, vão estudar para ter uma chance”, afirma. “Mas não acredito que o estágio seja um caminho para essas pessoas. Será preciso pensar outra opção para esse público”. Há ainda a percepção cada vez mais nítida de que as carreiras não duram mais a vida inteira. “Hoje escolhemos a carreira aos 18 anos e pode ser que daqui a alguns anos tenhamos que nos reinventar, porque estamos mais longevos”, diz Denise.
Em uma pesquisa de março de 2013 sobre a visão da empresa feita pela Price Waterhouse Cooper (PWC) junto a profissionais de RH, uma das questões foi: “A partir de que idade você considera um profissional como mais velho?”. As respostas foram diversas, mas a menor faixa etária apontada foi “a partir de 45 anos”. A pesquisa também concluiu que as empresas não sabem trabalhar com profissionais de diferentes faixas etárias e não conseguem fazer uma boa transição de conhecimento interna. Ainda relataram que os profissionais mais velhos são mais caros – e não perceberam, no geral, o valor agregado desse trabalhador.
Tendências no mercado
Denise trouxe o ponto de vista do cientista político Giuseppe Cocco, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), de que o trabalho hoje vai muito além de procurar emprego: ele envolve que as pessoas se produzam como “seres empregáveis”. “É preciso entender o que você precisa para se tornar competitivo e empregável. É um caminho sem volta”, diz Denise. Para isso, algumas características são fundamentais, tais como boa educação, boa saúde, infraestrutura de conexão e conectividade e mobilidade. “Não seremos mais empregador-empregado, mas contratante e prestador de serviço”, prevê.
A especialista cita ainda o livro The 100 year life – livind and working in an age of longevity, de Lynda Gratton e Andrew Scott, que diz que estamos na fase transitória para a vida dos 100 anos e as mudanças serão mais bem aceitas. “Teremos mais de uma profissão, teremos de nos recriar, seremos e pareceremos jovens por mais tempo. Além disso, aumentará a possibilidade de experimentação, e as relações familiares e de trabalho se transformarão”, finalizou.