GERP.19 – O idoso tratado de forma integral e integrada

A geriatra Rosmary Tatiane Arias Buse, diretora científica, e a assistente social Mônica Andrade Tobias Maciel, do conselho consultivo da SBGG-SP na gestão 2018-2020, receberam a missão de presidir a Comissão Científica do 11° Congresso Paulista de Geriatria e Gerontologia, o GERP.19. Confira entrevista das duas profissionais sobre o desenvolvimento da grade científica e o que esperar da programação do congresso:
 
Quais foram seus principais desafios à frente da Comissão Científica na área de gerontologia?
Mônica – Fazer parte da organização do GERP é uma tarefa incrível, mas bastante desafiadora, especialmente presidir a Comissão Científica. A SBGG-SP nasceu como uma entidade voltada para a área médica, então é um desafio para nós, especialistas em gerontologia, trazer outras visões do envelhecimento que não sejam apenas aquela relacionada à biologia. Claro que se trata de um congresso científico, mas entendemos que ele não precisa trazer apenas inovação em pesquisa na área da saúde.
Temos tido feedbacks muito positivos a respeito da programação e estamos muito satisfeitos por conseguir esse balanço entre a geriatria e a gerontologia, porque essa é a forma como devemos tratar o idoso – de maneira integral e integrada. Devemos sair da visão limitada da doença ou da ausência dela e vê-lo como participante de questões relacionadas a educação, arte, consumo, enfim, como cidadão. Isso tudo evidenciamos bastante com o GERP Comunidade, mas queremos também refletir no congresso, não perdendo de vista que o idoso não é só nosso objeto de estudo, mas um sujeito, e assim deve ser tratado. Tudo isso foi considerado para a montagem da grade científica.
 
E os desafios em geriatria?
Rosmary – Foi um trabalho árduo, porque o principal desafio do GERP é sempre trazer atualizações e novidade mesmo em alguns temas já muito consagrados, mas que nunca se esgotam. Temos uma grade limitada de tempo, e precisamos sempre diversificar. Em geriatria, quisemos tratar sobretudo de temas preponderantes no dia a dia do consultório, trazendo para o congresso os desafios da clínica. Além de sarcopenia, que será abordada também pelos palestrantes internacionais, teremos temas como tontura, vertigem, dor musculoesquelética, cuidados paliativos em âmbito hospitalar e ambulatorial, espiritualidade e comunicação médico-paciente, predominância das DSTs nos idosos, especialmente as mulheres, entre outros.
 
E como foi o trabalho, na prática, da Comissão Científica?
Mônica – A partir do momento em que são escolhidos os componentes da Diretoria, já se começa a trabalhar o GERP na semana seguinte. Então, começamos em julho de 2018, juntando pessoas como eu, que já tive participação na Comissão de edições anteriores, e gente nova, trazendo outras perspectivas. No início, a Comissão se reunia a cada 20 dias e depois mantinha as discussões por troca de mensagens. Desde o início já tínhamos definido que queríamos um congresso científico, claro, mas que abarcasse o idoso de forma abrangente e que despertasse o interesse também de pesquisadores que nunca vieram ao GERP. Acredito que a programação está refletindo uma grande diversidade de temas, como alguns oriundos das ciências humanas, graças à  composição da Comissão, que além dos geriatras, assistentes sociais, nutricionista, também conta com um artista plástico. Essa formação dá uma nova cara ao congresso, bastante multiprofissional e com temas atualizados em relação ao que está sendo pensado no mundo, sem deixar sempre de relacioná-los à nossa realidade.
Rosmary – Trabalhamos como em uma grande colcha de retalhos. Vai juntando aos poucos – fica lindo, mas é trabalhoso, porque cada um tem uma experiência e formas diferentes de atuação. Então nossas reuniões eram extensas, mas muito produtivas. No fim, encontramos uma sintonia fina, graças ao trabalho com muito empenho de todos.
 
Que formatos de apresentação os congressistas podem esperar para este ano? 
Mônica – Estamos preparando um congresso para 2 mil participantes, com apresentação de cerca de 700 trabalhos científicos, incluindo os pôsteres, que são uma possibilidade de participação para mais pesquisadores. Entre os formatos novos, teremos os hot topics – dois em geriatria e um em geronto – em que os especialistas trarão tópicos rápidos sobre algum tema. Além disso, serão quatro minicursos, seis simpósios satélites, 11 palestras, 30 mesas-redondas, sete miniconferências, três conferências, quatro casos clínicos, sendo três interativos, apresentação oral dos melhores trabalhos selecionados e o Encontro das Ligas de Geriatria e Gerontologia.
Tudo isso foi pensado no público cativo do congresso, presente em todas as edições. A partir das avaliações pós GERP, percebemos a necessidade de trazer abordagens práticas. O congresso é científico, mas a ciência não pode estar descolada do cotidiano das pessoas.
Rosmary – No GERP passado trouxemos como inovação o quiz interativo em gerontologia e este ano teremos para geriatria. Com um tom mais dinâmico, o quiz permite a participação da plateia e isso é muito bacana. Queremos que as pessoas tirem dúvidas, que todos participem compartilhando conhecimento e havendo aproximação entre quem ensina e quem vai aprender.
 
Como foi feita a escolha dos palestrantes internacionais?
Mônica – Demos prioridade a trazer convidados internacionais  que são pesquisadores engajados em geriatria e gerontologia e que venham corroborar as discussões que os pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo na academia, especialmente, claro, os de São Paulo.
 
O que os congressistas podem esperar do GERP.19?
Rosmary – Quem comparecer ao GERP pode esperar muita inovação. Vale a pena ler com cuidado a programação para encontrar tudo o que está previsto. As palestras terão muita qualidade e, entre os palestrantes, teremos nomes consagrados, mas também jovens que já estão brilhando na geriatria e na gerontologia.