O Outubro Rosa chegou ao fim, mas é importante lembrar de agendar os exames para rastreamento do câncer de mama em qualquer época do ano, já que no Brasil os casos aumentam em 28% por ano.
No entanto, muito do que é mostrado nas campanhas de prevenção não tem o apoio do INCA – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Por esse motivo, é importante conhecer o que é recomendado e tem efeito positivo na prevenção dos tumores de mama. Segundo orientação do INCA e do Ministério da Saúde, a mamografia deve ser feita a cada dois anos por mulheres entre 50 e 69 anos.
Abaixo dos 50 anos e acima dos 70 anos, os órgãos de saúde consideram que o rastreamento não é benéfico. “Não há evidência confiável de que ele traga benefícios e, ao contrário, há riscos inerentes ao rastreamento”, diz Arn Migowki, médico sanitarista e epidemiologista da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede do INCA. Segundo o médico, esses riscos são o sobrediagnóstico, resultados falso-positivos, exposição desnecessária à radiação ionizante e o sobretratamento. “Por sobretratamento entende-se o diagnóstico e o tratamento de cânceres que nunca causariam problemas para as mulheres”, afirma o médico.
Há, por exemplo, o chamado carcinoma ductal in situ que, apesar do nome, não se torna invasivo na maior parte dos casos e não leva a metástases e, dessa forma, não precisaria ser tratado. No entanto, se diagnosticado, leva, na maioria dos casos, ao tratamento, ou sobretratamento, na visão do INCA.
O método padrão de autoexame, tão divulgado em campanhas, também não é recomendado pelo Ministério da Saúde e pelo INCA. “A mulher deve, sim, conhecer seu corpo, palpar e observar eventualmente as mamas em situações cotidianas, conhecer os sinais e sintomas de alerta para o câncer de mama”, explica Migowki. No entanto, segundo o especialista, não é necessário aprender a técnica padrão. “Todo caroço ou nódulo na mama em mulheres com 50 anos ou mais deve ser examinado pelo médico, pois é o principal sinal suspeito de câncer de mama. Geralmente esses nódulos não vêm acompanhados de dor.”
O médico ressalta que para mulheres com menos de 50 anos, normalmente os nódulos representam alterações benignas, mas se persistirem por mais de um ciclo menstrual, devem ser investigados.
Também deve ser lembrado que o câncer de mama atinge homens, ainda que seja apenas 1% dos casos, e se apresenta comumente como um caroço indolor próximo da região do mamilo.
É preciso ainda conhecer outros sinais que, embora menos comuns, podem ser indicativos de câncer de mama: caroço nas axilas, alterações na forma do mamilo, retração na pele da mama e saída de líquido pelo mamilo apenas de um lado e sem que a mulher tenha apertado a mama, especialmente se tiver sangue ou for transparente.
A incidência do câncer de mama aumenta com a idade, especialmente após os 50 anos. O uso de terapia de reposição hormonal, a obesidade pós-menopausa, o tabagismo e o consumo frequente de bebidas alcoólicas, mesmo em doses moderadas, estão relacionados ao aumento de risco de desenvolvimento do câncer de mama.
Mulheres sem filhos ou que têm a primeira gravidez após os trinta anos também têm um risco um pouco maior, conforme sinaliza o médico. Além do número de filhos, o aleitamento materno também possui um efeito protetor adicional. O INCA ainda recomenda o consumo de pelo menos 5 porções diárias de frutas, legumes e verduras como estratégia de prevenção.
Acima dos 70 anos
Embora o INCA e o Ministério da Saúde não recomendem o rastreamento para câncer de mama para idosas acima de 70 anos, a incidência da doença tende a crescer com o envelhecimento populacional e a expectativa de vida. Portanto, um artigo de revisão feito por mastologistas e oncologistas da Universidade Federal de Minas Gerais traz um resumo interessante sobre qual decisão tomar sobre o rastreamento para as mulheres nessa faixa etária.
Levando em conta que apenas 30% dos carcinomas ductais in situ podem tornar-se invasivos após 10 anos, deve-se considerar o estado de saúde da mulher idosa acima dos 70 e sua expectativa de vida a fim de optar pelo rastreamento.
O organograma abaixo mostra o que considerar para indicar o rastreamento e a mamografia acima dos 70 anos.
(FONTE: Silva LCR, Amorim WC, Castilho MS, Guimarães RC, Paixão TPMM, Pirfo, CBL. Câncer de mama em mulheres acima de 70 anos de idade: diretrizes para diagnóstico e tratamento. Rev Med Minas Gerais 2013; 23(1):105-112. DOI: 10.5935/2238-3182.20130016)
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