No Dia Internacional das Mulheres, a SBGG-SP presta uma homenagem a todas as profissionais que se dedicam à geriatria e à gerontologia no Brasil.
A crescente presença feminina nessas áreas é fruto do trabalho e do empenho de mulheres pioneiras, como Maria Auxiliadora Cursino Ferrari, Elvira Wagner (falecida em janeiro deste ano) e Zally Vasconcellos de Queiroz, consideradas as precursoras da gerontologia no Brasil.
“Minha presença junto à SBGG teve início a partir do trabalho de algumas instituições e órgãos públicos na capacitação de recursos humanos para atuação junto a idosos, articulado em 1978 pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, conforme proposta apresentada em 1974, em Encontro Nacional sobre Envelhecimento”, lembra Zally, que é membro nato do Conselho Consultivo da SBGG nacional e atual membro do Conselho Municipal do Idoso de Caraguatatuba.
A partir daquele evento, Zally e profissionais de outras áreas da saúde se interessaram em participar de outras atividades da SBGG-SP. “Éramos em grande maioria mulheres. Gradativamente pudemos nos tornar associadas da SBGG, mas sem direito a participar de diretorias. Constituímos uma ‘comissão de Gerontologia’, cujo trabalho e preocupação com o tema foi ganhando qualidade, chegando aos trabalhos acadêmicos e relatos de experiências práticas”, conta.
Na década de 1980, com a ideia da criação de um título de Especialista em Gerontologia, com as mesmas exigências existentes para o título de Especialista em Geriatria, foram escolhidos alguns profissionais atuantes nessa área. Zally fez parte do primeiro grupo de avaliadores dos candidatos ao título. “A partir de então, algumas alterações nos estatutos possibilitaram maior espaço a profissionais de outras áreas dentro da SBGG, tanto nas seções estaduais, quanto na Diretoria Nacional e no Conselho Consultivo”, afirma.
O papel da mulher no envelhecimento
Segundo Zally, não foram poucas as dificuldades enfrentadas como mulher numa área nova como a gerontologia. “Pessoalmente, senti uma certa reserva quando no exercício de cargos públicos, principalmente quando o meu discurso era predominantemente técnico e não assistencialista. Isso acontecia em especial quando falava de questões de políticas públicas, como se esse assunto fosse exclusivamente de responsabilidade masculina”, revela.
No entanto, as conquistas até aqui são motivo de sobra para comemorar. “Até recentemente o público mais idoso tinha mais confiança nos médicos homens maduros, mas esse mito está mudando e as especialistas em gerontologia estão sendo cada vez mais aceitas”, explica. “É, sem dúvida, estimulante encontrar um número cada vez maior de mulheres nas turmas de graduação e especialização em Gerontologia, embora eu me entusiasme também quando vejo que os homens, profissionais de saúde, também estejam procurando essa área de atuação.”
Se por um lado temos cada vez mais profissionais atuando na gerontologia, Zally também aponta para o papel preponderante da mulher nas adaptações da sociedade diante do envelhecimento. “Mesmo levando em conta as mudanças culturais que ocorrem na nossa sociedade ocidental, a mulher ainda tem e terá uma importância significativa na formação das novas gerações”, enfatiza.
“Uma sociedade para todas as idades, como promulga e defende a ONU, começa com a educação das nossas crianças. Educar para o envelhecimento é, sem dúvida um dos caminhos para a prevenção da violência em idosos e nesse caminho, ao longo da vida, sempre haverá uma mulher. Outro aspecto a ser considerado também é a participação crescente da mulher no mercado de trabalho. Essa constatação precisa ser considerada, no sentido da preservação das suas condições físicas e psicológicas, pois cada vez mais essa presença feminina estará presente”, afirma.
Marco na história da SBGG-SP
A SBGG-SP vem acompanhando a maior atuação feminina no envelhecimento: a atual gestão é a primeira na história da seccional São Paulo, fundada em 1975, que conta com uma mulher como presidente. A geriatra Renata Nogueira Salles, coordenadora da Seção Técnica de Geriatria do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo, foi eleita presidente da SBGG-SP durante o período de 2014-2016.
“Hoje temos mais mulheres se formando em medicina e também escolhendo a geriatria como especialidade. Nós, mulheres médicas, estamos conseguindo cada vez mais reconhecimento e respeito num meio antes predominantemente masculino”, diz. “Conseguimos de maneira determinada e dedicada conciliar a profissão, casa e família, muitas de nós ainda se desdobrando entre o assistencialismo, a pesquisa e o ensino.”
E completa: “Ser a primeira mulher presidente me faz sentir extremamente recompensada, e todo esse período de atividades à frente da SBGG-SP, contando com a parceria de todos os meus amigos da diretoria, foi muito gratificante.”
- (11) 93401-9710
- sbgg-sp@sbgg-sp.com.br