Oncogeriatria foi um dos minicursos que abriram o 11º Congresso Paulista de Geriatria e Gerontologia, o GERP.19, na manhã desta terça-feira, no Centro de Convenções Frei Caneca. Coordenado pela geriatra Rosmary Arias Buse, diretora científica da SBGG-SP, o minicurso reuniu oncologistas, geriatras e especialistas em gerontologia para palestrar e discutir sobre o tema.
O primeiro palestrante foi o geriatra Luiz Antonio Gil Junior, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e do Hospital Sírio-Libanês, abordando prevalência e rastreio dos principais tipos de câncer no idoso. Ele destacou que a doença oncológica é a principal causa de mortes entre idosos em países desenvolvidos e está prestes a tornar-se também naqueles em desenvolvimento. Na população mundial, em 2012, o número de casos era pouco mais de 14 milhões, e a projeção para 2030 é de um crescimento de cerca de 50%, com 21 milhões de casos.
Os tipos de câncer com maior incidência de morte no mundo são os de pulmão, mama, próstata, cólon e reto, estômago e fígado. Segundo o levantamento Globocan, da Organização Mundial da Saúde, entre os idosos brasileiros (com mais de 60 anos), a maior incidência é, entre mulheres, de tumores de mama, colorretal e pulmão. Entre os homens, próstata, colorretal e pulmão.
Além dos dados estatísticos atualizados, Gil Junior apresentou, para cada tipo de câncer, o que se preconiza em relação a rastreamentos. “Vale rastrear quanto mais fácil for tratar”, disse ele, ressaltando que é essencial que o rastreamento seja acompanhado pelo acesso ao tratamento – ou de nada adianta.
Funcionalidade e limites do tratamento foi a palestra de Gabriel Truppel Constantino, geriatra do Hospital Sírio-Libanês e do AC Camargo Cancer Center. “O geriatra tem o papel de ajudar o oncologista clínico no tratamento, já que muitos oncologistas têm dificuldade de identificar fragilidade em idosos”, afirmou. Por isso a importância de uma avaliação geriátrica ampla, ideia também defendida pela geriatra Theodora Karnakis, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, coordenadora do serviço de Oncogeriatria do Icesp, com atuação também no Hospital Sírio-Libanês. “É um desafio tratar o idoso com câncer. É preciso responsabilidade para intervir em pacientes idosos frágeis”, disse, reafirmando que o geriatra precisa conhecer os tratamentos disponíveis, ações e efeitos colaterais, para contribuir com o oncologista no momento de definir o plano de tratamento, seja ele para cura ou cuidados paliativos. “E precisamos nos comunicar com o oncologista. Não basta jogar a avaliação feita com o paciente no sistema para que o restante da equipe leia. Comunicação é fundamental”, reafirmou. A avaliação também deve ser refeita periodicamente para reavaliar o tratamento e, possivelmente, aumentar a dosagem de quimioterapia, por exemplo, ou diminuir.
O objetivo do trabalho da equipe multidisciplinar para esse paciente é, além de buscar a cura, qualidade de vida e bem-estar, “evitar torturas desnecessárias com um tratamento além do que ele pode suportar”, disse Constantino, baseado em estudos que mostram que nem sempre o idoso que recebeu o tratamento farmacológico mais agressivo teve mais sucesso do que outro que recebeu um mediano.
A cobertura completa do GERP.19 estará na próxima edição da Revista Aptare.
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