Polifarmácia e desprescrição: o que dizem os especialistas

Fotolia_146569744_Subscription_Monthly_MCom o envelhecimento, é mais provável que a pessoa desenvolva condições de saúde que exigem o uso de vários medicamentos – alguns dos quais devem ser tomados por um longo tempo. Muitos idosos também tomam medicamentos, vitaminas ou suplementos vendidos sem receita (ou “OTC”) como parte dos cuidados de rotina. Como resultado, os idosos apresentam maior risco de “polifarmácia” – o termo médico usado quando o paciente toma quatro ou mais medicamentos ao mesmo tempo. A polifarmácia pode aumentar as chances de reações indesejadas (também chamadas de “reações adversas a medicamentos”) devido a medicamentos tomados isoladamente ou em conjunto.
Para resolver esse problema cada vez mais comum, muitos serviços de saúde estão focados em reduzir o número de medicamentos utilizados por idosos por meio de uma prática chamada “desprescrição”: profissionais de saúde trabalham juntamente com os pacientes para decidir interromper o uso de um ou mais medicamentos cujos benefícios já são menores do que os possíveis danos.
A integração de pacientes e profissionais de saúde na desprescrição pode ser a chave para seu sucesso. Para entender melhor as atitudes e abordagens dos médicos para desprescrever medicamentos para idosos, uma equipe de pesquisadores projetou uma pesquisa, cujos resultados foram publicados no Journal of the American Geriatrics Society.
O objetivo dos pesquisadores era saber com que frequência médicos de diferentes especialidades disseram ter feito uma desprescrição de medicamentos cardiovasculares em suas práticas. Medicamentos cardiovasculares, como anticoagulantes e medicamentos para baixar a pressão arterial e o colesterol, estão entre as classes de medicamentos mais comumente prescritas nos EUA. Embora os benefícios desses medicamentos para a redução de ataques cardíacos e derrames sejam comprovados, esses tratamentos também contribuíram para o aumento das taxas de polifarmácia e eventos adversos a medicamentos em idosos.
A equipe de pesquisa estava interessada em saber por que diferentes especialistas desprescreveram alguns desses medicamentos e que dificuldades enfrentaram quando o fizeram. Os pesquisadores também queriam conhecer as prioridades que as diferentes especialidades consideravam ao desprescrever. A equipe de pesquisa entrevistou 750 geriatras, internistas gerais e cardiologistas.
A taxa de resposta à pesquisa foi de 26% para geriatras, 26% para clínicos gerais e 12% para cardiologistas.
Mais de 80% dos médicos respondentes relataram ter considerado desprescrever um medicamento cardiovascular recentemente. As reações adversas a medicamentos foram a razão mais comum citada por todas as especialidades para desprescrever um medicamento.
As barreiras à desprescrição foram compartilhadas entre as especialidades. Uma preocupação era interferir nos planos de tratamento de outro médico, pois alguns medicamentos podem ser prescritos ou recomendados por vários profissionais diferentes que nem sempre trabalham juntos. Outra preocupação foi a relutância do paciente em parar de tomar os medicamentos prescritos.
A maioria dos geriatras (73%) disse que poderia desprescrever um medicamento que não beneficiaria pacientes com expectativa de vida limitada, comparado com 37% dos clínicos gerais e 14% dos cardiologistas.
Mais geriatras (26%) relataram preocupações com a cognição como motivo para a desprescrição, em comparação com 13% dos clínicos gerais e 9% dos cardiologistas.
Os pesquisadores concluíram que sua pesquisa mostrou que geriatras, clínicos e cardiologistas frequentemente consideram a desprescrição de medicamentos cardiovasculares. Eles observaram que a implementação bem-sucedida da desprescrição centrada no paciente exigirá uma comunicação aprimorada entre todos os médicos e seus pacientes. “Esperamos que nosso estudo contribua para o avanço da deprescrição como uma estratégia centrada no paciente que pode melhorar a segurança da prática de prescrição de medicamentos e melhorar o bem-estar dos adultos mais velhos”, disseram os pesquisadores.
Fonte: Blog Health in Aging