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Setembro amarelo – como prevenir o suicídio entre idosos

  • Foto do escritor: Jean Carlo Freitas
    Jean Carlo Freitas
  • 25 de set. de 2019
  • 3 min de leitura

“Os idosos cometem mais suicídio do que a população jovem. São menos tentativas, mas elas são mais letais. Os jovens, ao contrário, tentam mais, mas o óbito é em menor proporção”, afirma o neuropsiquiatra geriátrico Marcelo Paoli. As estatísticas nacionais dão suporte à afirmação do especialista. Segundo o Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil, do Ministério da Saúde, publicado em 2017 (ainda o mais recente), aponta uma média de 8,9 mortes a cada 100 mil habitantes acima dos 70 anos. A média nacional, entre todas as faixas etárias, é de 5,5. A população idosa tem um risco alto de suicídio por muitos fatores, segundo o médico. Isolamento social – seja por limitações físicas ou perdas pela idade, já que é comum passar pela viuvez, pela morte de amigos e familiares –, dores crônicas e alta incidência de transtornos mentais como depressão, ansiedade e outros. “Na prática de consultório tenho muitos pacientes com ideação suicida, desejo de morte e com afirmações como ‘não vale mais a pena viver’”, diz Paoli. Para os homens acima de 70 anos, o número de óbitos por suicídio é ainda maior – seis vezes mais do que as mulheres na mesma faixa etária. “Essa diferença se dá porque a mulher tem mais o hábito de procurar o médico, de buscar tratamento para os problemas. O homem, não”, explica. “Além disso, os homens são mais acometidos por transtornos mentais mais graves do que as mulheres. Entre eles, é comum a dependência química e a esquizofrenia. Entre as mulheres, depressão e ansiedade”, afirma o neuropsiquiatra. Fatores de risco Não é possível traçar um perfil do idoso com maior risco de tentativa de suicídio, segundo o médico. No entanto, além da ideação de morte, o acometimento de doenças e dores crônicas que não têm cura, como demências, e cujo controle dos sintomas ainda fica muito aquém do desejável, bem como a percepção de que não está mais conectado com a sociedade e a ausência de perspectiva de futuro, colocam essa população em risco. Além disso, limitações, como de mobilidade, de escuta e visão também tendem a promover maior isolamento e, portanto, aumentar o risco. Outro ponto importante em relação às demências, segundo Paoli, é que elas deixam a pessoa acometida mais impulsiva e com déficit para resolução de problemas. “Essa mudança é comum em pessoas com demência, ou mesmo após um infarto ou AVC, já que há mudanças nas funções cognitivas”, diz. Um agravante ainda é que a depressão e a ansiedade têm manifestações mais discretas nos idosos. “Os familiares tendem a achar que o idoso está mais quieto ou mais rabugento por conta da idade. Mas é preciso salientar que essas atitudes não são normais do envelhecimento. Se estão acontecendo, é preciso que se investiguem as causas”, afirma o médico. O estigma do suicídio Para o idoso, por um lado, é difícil reconhecer que precisa de ajuda e que os pensamentos contínuos sobre a morte não são normais. Para o familiar, além de ser duro enxergar que o idoso está depressivo, é ainda pior admitir que se ele já tentou o suicídio e que o risco de que tente novamente é grande. “O estigma em relação ao suicídio atrapalha muito. Não só a família, como também toda a equipe de saúde que cuida do idoso precisa tratar, sem tabu, de temas como dependência de álcool ou de remédios, vida sexual e também perguntar se ele tem vontade de morrer. E ao ouvir uma resposta positiva, levar a sério a questão e buscar ajuda”, explica o profissional.

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