SBGG-SP no Fronteiras do Envelhecimento

Com apoio da SBGG-SP (da esq. para dir.): a Cristiane Comelato, diretora da SBGG-SP; Maisa Kairalla, presidente da instituição e a médica Flávia Nascimento de Camargo, da diretoria do Hospital Albert Einstein
No Fronteiras do Envelhecimento (da esq. para dir.):  Cristiane Comelato, diretora da SBGG-SP; Maisa Kairalla, presidente da instituição, e Flávia Nascimento de Camargo, da diretoria do Hospital Albert Einstein

A SBGG-SP apoiou o notório evento Fronteiras do Envelhecimento, que promoveu importantes discussões sobre a viabilidade da longevidade sustentável, e aconteceu entre os dias 20 e 22 de outubro, no auditório do Hospital Israelita Albert Einstein. Esta é a segunda edição do Fronteiras, promovida desde 2015 pela Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
A presidente da SBGG-SP Maisa Kairalla moderou o módulo “Desafio dos super longevos”, que contou com a presença de Yvonne Drewes, professora e pesquisadora da Leiden University, da Holanda; Maysa Seabra Cendoroglo, geriatra e professora da Faculdade de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e Eduardo Juan Troster, pediatra e professor da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein.
Yvonne Drewes apresentou algumas pesquisas realizadas junto à população acima de 85 anos e mostrou que alguns métodos e resultados bastante conhecidos e convencionados para a população adulta não são aplicáveis ou não trazem as mesmas repercussões para a faixa etária acima dos 85 anos. Um exemplo dado foi o nível de colesterol. Enquanto para toda a população o colesterol alto representa maior risco de eventos cardiovasculares, para os idosos longevos, a pesquisa indicou o contrário: aqueles com baixo colesterol tiveram maior risco de mortalidade por eventos cardiovasculares. A apresentação da especialista da Holanda mostrou, portanto, que são necessários novos parâmetros para predição de riscos e doenças na faixa etária mais avançada e que os cuidados devem ser integrados e individualizados.
A professora Maysa Seabra Cendoroglo apresentou um panorama de seus estudos no Ambulatório de Longevos da Unifesp. Indo ao encontro da exposição de Drewes, a geriatra mostrou como alguns dados são específicos dos longevos, diferentemente do restante da população.  Entre outros exemplos, também citou as doenças cardiovasculares, principal causa de morte entre os adultos brasileiros e que não tem a mesma predominância entre os idosos acima de 75 anos. No entanto, nessa população que frequenta o ambulatório, prevalecem as complicações relacionadas a acidentes encefálicos. “Também em comparação a outras populações, é menor a incidência de neoplasias”, afirmou a geriatra.
Outras particularidades dessa população são os comprometimentos nutricionais – parte desses idosos estão em risco por conta de baixo índice de massa corporal, baixo peso e desnutrição -, bem como houve uma associação entre baixo nível de vitamina D e depressão. “Na população em geral, essa associação acontece para níveis abaixo de 10 mg/dL. No entanto, nas pessoas com mais de 80 anos os valores ideais parecem estar acima de 30. É preciso um estudo mais aprofundado”, afirmou.
Encerrando as apresentações do módulo sobre longevos, o pediatra Eduardo Troster levantou alguns fatores da infância que influenciam na saúde dos idosos. Uma das questões apresentadas foi que a privação nutricional em fetos faz com que estes reprogramem seu metabolismo como estratégia de sobrevivência, apresentando, na idade adulta, maior risco ao desenvolvimento de doenças metabólicas. Ele citou ainda a obesidade infantil, a falta de hábitos saudáveis de sono e a inatividade física como riscos futuros.
Troster lembrou também que a situação econômica é determinante para uma vida saudável e longa. “As questões sociais, econômicas, culturais e ambientais em que uma criança vive são responsáveis por 50% de sua saúde”, afirmou. O pediatra apresentou ainda um vídeo com resultados de uma pesquisa realizada pela Harvard University mostrando como manter relacionamentos saudáveis é determinante para a qualidade de vida e a satisfação dos idosos.
A geriatra Maisa Kairalla, presidente da SBGG-SP, mediou a sessão de perguntas e salientou a importância e a atualidade do tema longevidade. “É uma discussão cada vez mais necessária, porque temos todos de pensar novas formas e políticas públicas para que possamos chegar ao envelhecimento sustentável e ativo que desejamos”, afirmou.