O Minnesota Evidence-based Practice Center realizou, a pedido da Agency for Healthcare Research and Quality dos Estados Unidos, uma revisão para avaliar as evidências de intervenções destinadas a prevenir ou postergar o início do declínio cognitivo relacionado à idade, o declínio cognitivo moderado e a demência causada por Alzheimer.
A revisão, publicada sob o título “Interventions to prevent age-related cognitive decline, mild cognitive impairment and clinical Alzheimer’s-type dementia” levou em conta estudos publicados na base de dados Ovid Medline, Ovid PsycINFO, Ovid Embase, Cochrane Central Register of Controlled Trials, bem como recomendações de especialistas e também na literatura cinzenta.
Foram no total 263 estudos sobre 13 classes de intervenções, incluindo treinamento cognitivo, atividade física, nutracêuticos, dieta, intervenções multimodais, terapia hormonal, vitaminas, tratamento para hipertensão, tratamento para colesterol, anti-inflamatórios não esteroidais, medicamentos para demência, tratamento para diabetes e outras intervenções.
Como resultados, o documento afirma não haver forte evidência quanto à efetividade de qualquer uma das intervenções para postergar ou prevenir o declínio cognitivo relacionado à idade, tampouco o moderado nem aquele relacionado à demência de Alzheimer. No entanto, mostra que há evidência moderada para o treinamento cognitivo em adultos com cognição normal – nesses casos o treino cognitivo melhora a performance do domínio treinado (memória, raciocínio ou velocidade de processamento), mas não transfere os benefícios para outras áreas cognitivas.
Para a neuropsicóloga Gislaine Gil, especialista em Gerontologia, a revisão não traz surpresas. “É difícil realizar o controle de pesquisas sobre treino cognitivo, porque cada estudo é realizado com um número de pessoas diferente, com metodologias distintas”, afirma. “Dito isso, realmente eles consideraram os estudos mais bem controlados e os resultados são bastante consistentes com o que já conhecemos.”
Essa dificuldade nos estudos e a falta de padronização justifica, segundo a especialista, que a evidência não seja alta. “A evidência moderada para o treino cognitivo em adultos é o que já sabemos pela nossa prática diária e estudos”, diz. “E realmente, não há transferência de benefícios de uma área para outra, porque são distintas, assim como o treino para cada uma delas. Se trabalhamos memória, é isso que será aperfeiçoado, e não raciocínio, por exemplo.”
A revisão ainda apontou que há pouca evidência de que o benefício do treino cognitivo dure mais do que dois anos. “É difícil fazer essa afirmação, pois não fica claro, nos estudos, se o adulto acompanhado depois desse tempo desenvolveu doenças como diabetes ou se a demência progrediu”, explica Gislaine.
Para idosos com doença de Alzheimer, o levantamento afirma que as evidências de efetividade do treino cognitivo são baixas. “Vale lembrar que em pacientes com Alzheimer, o treino cognitivo não é a única estratégia e nem feito de maneira isolada”, diz a especialista. “O trabalho a ser feito é a reabilitação neuropsicológica, que é muito mais ampla e aborda também os familiares. Nesse caso, é mais difícil ainda realizar pesquisas com um número significativo de pacientes, pois seria preciso visitar as casas, ver como o treinamento está inserido no dia a dia dessas famílias.”
A revisão completa está disponível on-line e pode ser acessada aqui.
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