A notícia de que a Organização Mundial da Saúde (OMS) pretende incluir o código MG2A, referente à velhice, na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) deixou muitos não só estarrecidos, mas preocupados.
Afinal, a velhice não deve ser considerada uma doença, pois essa denominação pode se tornar uma espécie de “rótulo” (morrer por velhice), fazendo com que os reais motivos – como as doenças relacionadas ao processo de envelhecimento – possam acabar disfarçados.
Segundo os especialistas Alexandre Kalache (presidente do Centro Internacional de Longevidade no Brasil) e Carlos André Uehara (presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), em nosso país, uma média de 75% das mortes ocorrem devido a doenças crônicas não transmissíveis, sendo que mais de 70% dessas mortes acometem os maiores de 60 anos.
Portanto, a questão que deve ser analisada é: é preciso dar (mais) destaque ao tratamento e à prevenção de doenças que acometem pessoas acima dos 60 anos, adotando políticas públicas que levem em consideração o rápido envelhecimento da população.
Além disso, classificar a velhice como uma doença aumentará o preconceito em torno das pessoas idosas, o etarismo, que já é bastante frequente em nossa sociedade (leia mais sobre o etarismo aqui)
Outro problema que essa rotulação trará é o aumento da indústria do antienvelhecimento, com suas promessas anti-aging utópicas, como se as pessoas não fossem passar por este processo natural e tão bonito que é o envelhecimento.
Velhice não é doença, muito menos algo que deve ser evitado: envelhecer com saúde e disposição sim, é nisso que precisamos investir nossos esforços.
Saiba mais sobre este assunto:
Queremos morrer velhos, mas não “de velhice”