Cerca de 10 milhões de brasileiros, a maioria mulheres, têm incontinência urinária. Desse número, tirando as crianças, cujo principal motivo para estarem nesse montante é a enurese noturna causada por falta de amadurecimento no controle da micção, os restantes são adultos.
Por ser um número bastante significativo, é importante que médicos e outros profissionais da área da saúde – e não apenas urologistas, ginecologistas e geriatras – fiquem atentos para detectar o mais precocemente possível se seu paciente tem algum sinal de incontinência. “Nós, profissionais da saúde, precisamos nos treinar para olhar o paciente de maneira global”, diz a fisioterapeuta Claudia Hacad, especialista em reabilitação do assoalho pélvico.
A especialista conta que recebe no consultório pacientes que contam ter escapes há muitos anos, mas nunca tiveram coragem de contar ao médico ou que achavam que se tratava de algo “normal do envelhecimento”. “O envelhecimento aumenta a probabilidade de isso acontecer por conta de queda nos níveis hormonais, perda de força muscular e alterações da bexiga. Mas não faz parte da senescência”, explica a fisioterapeuta Juliana Schulze, que também atua com reabilitação do assoalho pélvico.
Se os pacientes têm vergonha de tocar no assunto, algumas situações podem acender o sinal de alerta para o médico fazer algumas perguntas que podem levar à descoberta da incontinência precocemente.
Em caso de pacientes com tosse, por exemplo, o médico pode perguntar se há perda urinária ao tossir ou ao espirrar. Nesse caso, se a resposta for afirmativa, o profissional pode orientar o paciente a procurar um urologista para avaliação. “A perda pode ser por conta de uma infecção e, depois de tratada a doença, não acontecer mais. Mas é interessante que o paciente seja avaliado e, caso necessário, encaminhado para reabilitação fisioterápica, prevenindo que a incontinência volte a acontecer”, diz Claudia.
Outra questão importante a ser observada é se o paciente acorda no meio da noite para urinar. “Levantar mais de uma vez da cama com urgência para urinar já não é normal e merece uma investigação”, explica Juliana. No entanto, é preciso diferenciar se o paciente acorda para urinar ou, diferentemente, urina várias vezes porque tem insônia. Nesse caso, tratando o problema de sono, ele não levantaria tantas vezes da cama para ir ao banheiro.
Nesse aspecto, ainda é fundamental que o profissional da saúde oriente o paciente, em especial o idoso, para que reduza a ingesta de líquidos a partir do horário do jantar. Assim, a bexiga não estará tão cheia durante a noite.
Mais um sinal de incontinência pode ser avaliado pelo número de vezes que o paciente urina, ainda que não haja escapes. “Urinar até oito vezes ao dia é normal, mas quem já ultrapassa esse número tem frequência aumentada, um dos sinais de bexiga hiperativa”, orienta Juliana.
O principal, segundo as fisioterapeutas, é que os escapes e urgência urinária não sejam sinais ignorados. Na dúvida, encaminhe para um especialista.
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