As mudanças trazidas com a idade têm reflexos em inúmeros aspectos da vida cotidiana.
A nutrição é um deles. Com o envelhecimento, o paladar fica alterado e o indivíduo passa a sentir menos o sabor da comida, afetando seu apetite. A perda de dentes dificulta a mastigação. Em muitos casos, a disfagia prejudica a deglutição dos alimentos. A digestão também se torna mais lenta, causando rejeição de certos tipos de comida.
Por isso, no Dia da Saúde e da Nutrição, comemorado no dia 31 de março, vale lembrar que a nutrição dos idosos deve ser pensada segundo a realidade de cada indivíduo, de maneira que suas necessidades sejam atendidas.
Segundo Myrian Najas, nutricionista e professora de geriatria e gerontologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), uma alimentação adequada para o idoso deve conter proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e minerais.
“A alimentação ideal para os idosos é bastante variada e colorida. É preciso consumir pelo menos três porções de fruta por dia e ingerir alimento de fonte de proteína animal pelo menos uma vez ao dia. Para um cálcio adequado, não podemos esquecer de alimentos como leite, queijos e iogurtes. Frutas, legumes e verduras compõem o colorido do prato, além da base brasileira: arroz e feijão”, aconselha Myrian.
A nutricionista recomenda também que o idoso controle a ingestão de açúcares, como refrigerantes e doces, frituras e alimentos muito salgados e industrializados.
Idosos que apresentam alguma doença precisam de um cuidado maior na nutrição, especialmente se há perda de peso. Para eles, existem os suplementos que podem ajudar na absorção de algum nutriente faltante ou que podem ajudar no ganho de peso. Eles não podem, no entanto, ser usados para substituir refeições. “Suplementos são ricos em proteínas, que é o que a maioria das pessoas idosas deixam de comer. Eles entram para fazer esse complemento”, diz Myrian. “
Além do prato
Myrian destaca, no entanto, que as dificuldades para uma boa alimentação começam antes do famoso prato colorido. Segundo ela, o primeiro grande obstáculo para uma nutrição adequada no idoso é justamente a financeira.
“Há o empobrecimento da população que se aposenta, já que ela acaba ganhando menos do que estava acostumada. Isso traz problemas na compra de alimentos”, explica. “O segundo ponto é a dificuldade de produzir o que se compra. O idoso opta por alimentos de preparo mais simples, como macarrão, ao invés de carnes, que dão mais trabalho.”
Uma outra questão é o isolamento social e falta de autonomia. Muitos idosos não se sentem motivados para escrever apenas para uma pessoa e acabam comendo mal exatamente por estarem sozinhos. “Nós sempre torcemos para que o idoso fique em casa, para que ele mantenha a autonomia, mas o fato dele ficar sozinho também atrapalha. Ele acaba comendo alimentos mais fáceis de serem introduzidos”, diz.
Por Fernanda Figueiredo
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