Acima dos 65 anos de idade, a prevalência de demência em pessoas com Síndrome de Down é de 100%, segundo estudo de follow-up longitudinal de 20 anos, publicado em 2006 e citado por Claudia Lopes Carvalho, fonoaudióloga no Serviço de Apoio ao Envelhecimento da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo), na mesa-redonda Contribuições Científicas sobre Demência na Síndrome de Down no GERP.19.
Com o aumento da expectativa de vida dessa população – 80% ultrapassa os 50 anos de idade, segundo Orestes Vicente Forlenza, professor do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq – FMUSP), é urgente a discussão e mais pesquisas que relacionem demência à Síndrome de Down.
“É bem sabido que o Down apresenta envelhecimento precoce tanto físico como funcional, histológico e patológico”, explicou Forlenza. Entre as patologias mais comuns estão, além da demência, doença cerebrovascular, cardiopatias, câncer e doenças autoimunes. Por outro lado, esses idosos estariam mais protegidos em relação a coronariopatia e hipertensão arterial.
Além do estudo citado por Claudia, o psiquiatra trouxe ao Congresso outros que apresentam prevalência de doença de Alzheimer em até 75% em idosos com Down acima dos 60 anos. A principal causa para demência nessa população parece ser, segundo estudos citados, uma anormalidade no mecanismo da APP (proteína precursora amiloide). “Há uma dificuldade grande para o diagnóstico, sobretudo em pessoas com deficiência mais acentuada”, disse.
Por conta disso, Claudia ressaltou a importância do acompanhamento do paciente e de se considerar sua história de vida para analisar se ele sempre apresentou ou não alterações cognitivas, de comunicação e de linguagem. “O profissional fonoaudiólogo sabe qual o perfil de linguagem de um idoso e o perfil de linguagem de uma pessoa com declínio cognitivo e demência, bem como dos parâmetros esperados para um Down, como repetição de frases, alguns elementos frasais e frases curtas. O que fugir disso pode ser sinal importante de declínio cognitivo”, explicou.
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