A doença de Parkinson foi descrita em 1817 pelo neurologista James Parkinson. Na época, ele a denominou ”paralisia agitante”, a partir da observação de pacientes que apresentavam tremor quando em repouso, lentidão de movimentos (bradicinesia), rigidez e postura encurvada para a frente.
Atualmente, a incidência mundial está estimada em 5 a 24 casos a cada 100.000 pessoas¹, sendo considerada a segunda maior causa de doença neurodegenerativa, perdendo somente para a doença de Alzheimer. Está presente em até 1% da população com 65 nos ou mais², podendo acometer de 4% a 5% dos idosos com mais de 85 anos³. Somente no Brasil, estima-se que cerca de 200 mil pessoas sofram com o problema. Existem casos que se iniciam antes dos 50 anos de idade, considerados precoces e cuja principal influência é a genética.
Basicamente, a doença é causada pela morte de neurônios produtores do neurotransmissor dopamina, na região central do cérebro. Portanto, com a doença, haverá diminuição progressiva na produção desse neurotransmissor. A causa pela qual se dá a morte celular permanece desconhecida. É importante ressaltar que tais alterações celulares podem se iniciar 10 a 15 anos antes das manifestações clínicas. Daí a importância da procura por auxílio médico mediante o surgimento de tremores4.
Além dos tremores em repouso, como principais sinais clínicos da doença observam-se lentidão de movimentos (característica mais comum), diminuição da mímica facial, rigidez muscular, instabilidade postural, postura flexionada para a frente e instabilidade para iniciar um movimento, como caminhar, por exemplo. O diagnóstico é clínico, feito a partir dos sinais e sintomas do paciente. Exames como tomografia computadorizada e ressonância magnética cerebrais são úteis para descartar outras doenças, como tumores. Além desses exames, outros com maior sensibilidade podem ser realizados para avaliar a função dos neurônios que produzem dopamina.
Ainda não há cura para a doença de Parkinson, mas atualmente já são feitos estudos com células-tronco. Dessa forma, até então o tratamento disponível baseia-se no controle dos sintomas trazidos pela doença, podendo ser medicamentoso ou cirúrgico. A principal medicação utilizada é a levodopa (na tentativa de “repor“ a dopamina que os neurônios não produzem mais), entre outras, que atuam evitando a progressão dos sintomas. A escolha das medicações deve levar em consideração o estágio da doença em que o indivíduo se encontra e os sintomas que apresenta, bem como os efeitos colaterais causados pelas drogas, idade do paciente e custo do tratamento.
Devido aos sintomas motores da doença, o paciente pode evoluir com dificuldade motora intensa e de deglutição, o que pode vir a diminuir sobremaneira sua qualidade de vida. Por isso, é muito importante que a assistência ao paciente com Parkinson seja multidisciplinar, envolvendo, além da equipe médica, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicólogos, pois tanto o paciente quanto seus familiares podem se deparar não só com as limitações físicas, mas também com o impacto psicossocial que a doença causa. O suporte multidisciplinar deve ser iniciado precocemente, se possível desde o momento do diagnóstico, sobretudo por meio de orientação e conscientização de pacientes, familiares e cuidadores sobre as características da patologia e de como ela pode evoluir.
Neste dia mundial do Parkinsoniano, devemos lembrar que a doença de Parkinson deve ser diagnosticada o mais breve possível, para que possa ser tratada e diminuir seu impacto sobre a qualidade de vida do paciente.
Bibliografia:
- Martilla RJ, Rinne UK. Epidemiology of Parkinson’s disease: an overview. J Neural Transm. 1981; 51: 135-148.
- Polymeropoulos MH. Mapping of a gene for Parkinson’s disease to chromosome 4q21-q23. Science. 1996; 274: 1197-1199.
- Fahn s. Description of Parkinson’s disease as a clinical syndrome. Ann N Y Acad Sci. 2003; 991: 1-14.
- Camargos S, Costa M, Filogônio I, Cardoso F. Manual para o diagnóstico dos distúrbios de movimento. 2ª edição. São Paulo. Ed. Omnifarma, 2014. Cap 1: 31-36.
- Academia Brasileira de Neurologia: http://abneuro.org.br/clippings/detalhes/150/conheca-os-sintomas-do-mal-de-parkinson, em 01/04/2015.
Autora: Rosmary Tatiane Arias Buse – Médica geriatra, especialista pela SBGG, Médica assistente e preceptora do Serviço de Geriatria do Hospital do servidor Público estadual de São Paulo (HSPE) e membro da diretoria da SBGG – SP