O envelhecimento foi um dos assuntos destacados pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, em encontro na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) na segunda-feira (4). Chioro abordou as “Perspectivas para a área da saúde em 2015” diante de uma plateia de empresários e outros integrantes do mercado de saúde.
Segundo ele, o envelhecimento já é uma realidade no país. “Muita gente diz que a transição demográfica ainda vai chegar, mas ela já chegou. Mas não basta aumentar a expectativa média de vida da população brasileira se ela viver esses anos a mais com uma qualidade de vida ruim, com sequelas e incapacidade”, disse.
Por causa disso, o ministro enfatizou a importância de se promover o envelhecimento saudável entre os idosos brasileiros, principalmente através de medidas para prevenção de doenças, já que o tratamento acaba exigindo muito mais do paciente e representa um aumento significativo de custos.
Mesmo assim, focar apenas na saúde não é suficiente. Chioro lembrou que, com a mudanças na família e na sociedade, muitos idosos hoje moram sozinhos em grandes centros urbanos, sem uma rede de proteção familiar, o que muitas vezes leva ao isolamento.
“Uma política de envelhecimento não se traduz em uma única política, mas é resultado da convergência de um conjunto de iniciativas em outras áreas, como habitação e assistência social”, explicou.
O que melhorar
Entre os pontos levantados sobre o futuro da saúde no Brasil diante do envelhecimento foi a falta de profissionais qualificados para cuidar dessa parcela crescente da população. “Hoje formamos, segundo os últimos dados, apenas 56 geriatras por ano”, afirmou.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), existem hoje cerca de 1.000 profissionais de geriatria no país.
A questão da saúde da mulher foi destacada pela ginecologista Marianne Pinotti, atual secretária da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de São Paulo.
Segundo ela, enquanto a mulher é gestante ou uma jovem mãe existe uma estrutura preparada para atendê-la. À medida que envelhece, ela passa a se tornar invisível para o sistema de saúde. Paradoxalmente, a mulher vive cerca de oito anos a mais do que o homem, segundo números do IBGE.
Outro ponto citado por Chioro foi a vacina da gripe, cuja campanha começou essa semana. O desafio é garantir que grupos mais vulneráveis, como os idosos, tenham acesso a ela.
“É importante ter claro que, mais do que evitar a gripe, o objetivo é evitar as complicações da gripe, como internações e óbitos. A vacinação nos grupos prioritários tem capacidade de evitar até 45% das internações e até 75% dos óbitos. É por isso que vale a pena”, afirmou.
Segundo Chioro, será necessário colocar o melhor da competência da área da saúde no cuidado ao idoso para os próximos anos. “No Brasil passamos por uma transição demográfica e nutricional em duas décadas. A Europa e os EUA levaram 130 anos para fazer o mesmo. É um desafio para a sociedade brasileira”, concluiu.
Por Fernanda Figueiredo
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