GERP.17: Uma manhã sobre cuidados e prevenção a quedas

A quinta-feira, dia 6 de abril, amanheceu chuvosa em São Paulo. Isso não desanimou os idosos que vieram de diversos locais da cidade para prestigiar mais uma atividade do GERP Comunidade, desta vez no Teatro Frei Caneca.
A geriatra Maisa Kairalla, presidente da SBGG-SP e do GERP.17, fez a abertura do evento, salientando a importância da aproximação da academia científica com a população, agradecendo aos presentes.
Na sequência, o neurologista Rodrigo Rizek Schultz, professor da UNISA (Universidade de Santo Amaro) e diretor científico da ABRAz (Associação Brasileira de Alzheimer) trouxe uma apresentação sobre a doença de Alzheimer.
No Brasil, 1,2 milhão de pessoas sofrem com esse problema. O médico apresentou dados de estudos realizados, em especial nos Estados Unidos, com os principais medos em relação à doença (“não vou lembrar de entes queridos”, “não gostaria de depender de ninguém para cuidar de mim”). Para cuidadores, a situação também é complicada – eles ajudam os pacientes com Alzheimer a levantar-se, deitar-se, vestir-se e nos cuidados de higiene com maior frequência e intensidade do que o fazem para idosos sem Alzheimer. “É realmente uma condição que exige mais cuidados”, diz o médico. Além disso, o stress emocional para cuidadores é maior também quando prestam serviço (ou cuidam dos familiares) a idosos com algum tipo de demência.
“A educação e o conhecimento são nossa maior arma. Todos devemos participar, ler e estudar sobre o Alzheimer e as demências, que são questão de saúde pública”, orienta Schultz. “É esse conhecimento que vai fazer com que o cuidador e os familiares percebam os sinais, sintomas e necessidades do paciente.”
Segurança contra queda
O geriatra Wilson Jacob Filho, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), apresentou o grupo de teatro amador formado por idosos do GERO Saúde, do Hospital das Clínicas da USP. O tema, segurança e queda, foi também abordado em palestra antes da peça por profissionais da instituição.
Na apresentação foram discutidos os diversos motivos que podem levar a quedas, não apenas relacionados às atividades do dia a dia, como também doenças que podem prejudicar a visão, como glaucoma, diabetes e degeneração macular, e problemas que prejudicam a funcionalidade, como perda de audição (e suas consequências, como isolamento social).
Foi tratada também a importância de exercícios físicos para a manutenção das fibras musculares, em especial aqueles que unam movimentos aeróbicos, alongamento e força – sob supervisão e orientação adequada, não há restrições para idosos. Falou-se também da ansiedade, que coloca a saúde em risco quando em demasia, pois se transforma em impulsividade. Já a preocupação excessiva causa sintomas físicos, como dor abdominal, dor no corpo, dor de cabeça, prejudicando inclusive as atividades diárias. Depressão é outra doença que pode aumentar o risco de quedas, pois promove o isolamento, a perda funcional, dor crônica e prejudica o autocuidado.
A queda e suas implicações
De 30 a 40% dos idosos acima de 65 anos já tiveram uma queda no último ano e, desses, 50% têm chance de cair novamente. Além da dor e sequelas leves, pode haver consequências mais graves, tais como restrição das atividades costumeiras, dor crônica e até isolamento social.
Fatores ambientais têm relação direta com quedas. São eles: piso escorregadio, em especial em áreas molhadas como banheiros e cozinhas; calçados inadequados; tapetes soltos; escadas sem corrimão; iluminação deficiente; pegar objetos em locais altos; cama muito alta ou muito baixa; móveis instáveis ou deslizantes; cadeiras muito altas ou baixas, entre outros.
Em relação ao calçado, o tipo mais adequado é o fechado, que protege o pé. Além disso, é preciso cuidar dos pés, prestando atenção a pele sensível, calos e deformidades, bem como com doenças que possam causar problemas e feridas nos membros inferiores, como o diabetes.
No caso dos dispositivos de marcha, que ajudam a melhorar o equilíbrio e a prevenir quedas, é preciso estar atento à adaptação correta. Os dispositivos precisam ser ajustados para cada pessoa de acordo com orientação médica e fisioterápica.
Peça sobre prevenção a quedas
O grupo de teatro amador ligado ao GERO, do HC, apresentou uma peça curta sobre a rotina da idosa Doroteia. Ela sofre uma queda quando o cãozinho da família pula em cima dela, fica hospitalizada e volta para casa com a perna engessada.
Após essa primeira parte, houve um debate com a plateia sobre os riscos de queda apresentados na representação: o uso de chinelos pela idosa, o tapete solto, a falta de iluminação para levantar da cama de madrugada, o cachorro que a fez cair. Na volta para casa, a peça mostra a resistência do outro idoso da casa, marido de Doroteia, em mudar o banheiro para que ele ganhe barras de segurança. Mostra ainda imprudência do idoso ao subir em um banquinho inseguro para pegar medicamentos em um móvel alto, bem como o fato de ter tirado os medicamentos das caixas originais, causando uma grande confusão na hora de tomá-los.
Uma segunda cena mostrou um casal atravessando a rua e outro dirigindo um carro. O casal de pedestres mostrou como é inseguro atravessar mesmo na faixa de pedestre. A velocidade de abertura e fechamento do semáforo faz com que o idoso tenha de correr para chegar ao outro lado, e a senhora acaba por tropeçar em um buraco e cair, machucando o pé. Além disso, ela estava com sapato inadequado e carregando muitas sacolas.
O idoso que dirigia o carro estava sem óculos, não havia tomado o remédio para pressão e estava discutindo com a esposa. Todos esses foram fatores determinantes para que ele quase atropelasse o casal de pedestres.
Na sequência, nova discussão com o público levantou os pontos que promoveram as situações de insegurança na cena apresentada.
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