Os cuidados paliativos aos poucos começam a ganhar visibilidade entre profissionais de saúde. No entanto, ainda há muita dúvidas e interpretações errôneas dessa área de atuação, que assume importância especial no contexto do envelhecimento.
Por causa disso, o GERP 2015 promoverá no dia 19 de novembro um simpósio com um dia de duração sobre o tema, com especialistas como Maria Helena Pereira Franco, professora titular de psicologia da PUC-SP; Pérola Melissa Viana Braga, advogada e professora de direito civil da UniAnhanguera; Ana Beatriz Galhardi di Tommaso, geriatra e membro da Comissão Permanente de Cuidados Paliativos da SBGG.
A seguir, uma breve entrevista com o geriatra Daniel Lima Azevedo, presidente da Comissão Permanente de Cuidados Paliativos da SBGG, sobre o simpósio “Diretivas antecipadas de vontade: o início de uma conversa franca sobre a interface entre o Direito e a Medicina”.
Qual a importância de se trazer a discussão sobre CP e diretivas antecipadas para o GERP 2015?
As diretivas antecipadas de vontade são um instrumento que permite à pessoa registrar a forma como gostaria de ser tratada caso não consiga se comunicar – por exemplo, se estiver com uma doença grave avançada que comprometa o nível de consciência ou a cognição. Elas incluem a relação dos tratamentos que a pessoa doente quer ou não quer receber e, além disso, a nomeação de uma pessoa para atuar como seu procurador de saúde e falar em seu nome, caso necessário. As diretivas antecipadas São importantes como uma afirmação da autonomia da pessoa doente até o momento da sua morte, garantindo-lhe o protagonismo de sua história de vida.
Apesar de normatizadas no Brasil desde agosto de 2012 pela resolução 1.995/2012 do Conselho Federal de Medicina, ainda existe desconfiança e desconhecimento desse assunto pelos profissionais da Saúde e do Direito e também pela maior parte da sociedade. Reconhecendo a premência desse tema na contemporaneidade, a Comissão Permanente de Cuidados Paliativos da SBGG propôs um simpósio sobre diretivas antecipadas de vontade durante o GERP com objetivo de integrar a Saúde e o Direito. Trata-se de assunto multifacetado que precisa ser debatido para o amadurecimento dos profissionais.
Como presidente da Comissão Permanente de Cuidados Paliativos na SBGG, você nota mudanças no engajamento de médicos e profissionais de saúde nessa discussão? Quais os principais entraves para que esse tema seja mais presente na rotina da equipe de saúde?
É possível perceber que os profissionais da saúde estão preocupados, e talvez até curiosos, com a temática das diretivas antecipadas de vontade. Mas o verdadeiro engajamento exige uma divulgação mais ampla. O tema é complexo e representa uma interface entre a Saúde e o Direito. Ainda existe desconfiança. Os médicos não sabem conversar sobre o assunto com outras pessoas ou recomendar uma forma de redigir as diretivas. Os pacientes, por sua vez, têm medo de que registrar uma diretiva possa significar que serão abandonados, o que não é verdade. Nossa Comissão vem trabalhando no sentido de instrumentalizar os profissionais na condução da difícil conversa sobre preferências ao final da vida. Lançaremos um instrumento no Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia em 2016 que pode facilitar esse tipo de conversa.
Qual a expectativa para o GERP 2015?
Em setembro de 2015, a SBGG-RJ realizou o GeriatRio, um congresso primoroso com programação criativa e vários convidados internacionais. Infelizmente, o atual momento político e econômico do Brasil foi o provável responsável pelo fato de o número de congressistas ter ficado abaixo do previsto. Torço para que o GERP consiga congregar mais profissionais, pois a programação foi elaborada com o esmero habitual da SBGG-SP. E que a temática dos Cuidados Paliativos figure em destaque nas atividades, pois não se trata de um mero adendo na discussão da saúde das pessoas idosas. Na verdade, é um dos fundamentos do cuidado que elas merecem receber.
Confira a programação do congresso aqui.
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