Idosos e o perigo das quedas

elderly_couple_-_brasov_-_romaniaA queda é um dos problemas mais graves que pode acometer idosos e, por isso, uma grande preocupação para os familiares. O medo se justifica: um terço da população acima dos 65 anos sofre uma queda uma vez ao ano. Dos 75 aos 84, a porcentagem fica entre 35% a 40% e, acima dos 85 anos, metade da população sofre uma queda anual.
As consequências são sempre ruins. Ainda que o idoso não quebre ossos, o medo que ele desenvolve após a queda pode levá-lo a sofrer outras. Conforme a geriatra Maisa Kairalla, presidente da SBGG-SP (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia seção São Paulo) afirmou em sua participação no programa Bem Estar, da Rede Globo, o idoso passa a adotar uma postura mais cuidadosa para andar, projetando o corpo para a frente e endurecendo o quadril. E, ao contrário da intenção inicial, isso pode provocar uma nova queda. “Andando dessa forma, ele muda o eixo da gravidade”, explicou a médica.
Entre os idosos que já caíram, cerca de dois terços sofrem um novo evento, conforme afirma o fisioterapeuta Tiago Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).
Tiago diz que entre os desfechos adversos de uma queda na idade idosa estão as fraturas, das quais as mais comuns são as de colo de fêmur, antebraço e coluna. Em casos ainda mais graves, o idoso pode sofrer traumatismo crânio-encefálico ou o chamado hematoma subdural (acúmulo de sangue no crânio). Além disso, com ou sem fraturas, as quedas costumam ser um motivo frequente para uma longa hospitalização de idosos, o que, por sua vez, traz prejuízos funcionais.  “Outro desfecho muito comum é a institucionalização precoce desse idoso por parte da família”, afirma. Isso porque, com medo de que o idoso caia, os filhos ou parentes optam por não deixá-lo mais viver sozinho. Segundo o fisioterapeuta, 50% das institucionalizações precoces têm esse motivo.
Para as mulheres, as consequências de uma queda são ainda piores. “Como elas têm uma prevalência maior de doenças como osteoartrose, osteopenia e até declínio cognitivo, estão mais sujeitas a cair e, as consequências, por conta dessas fragilidades, são maiores”, afirma.
 
Prevenção a quedas
Na opinião do fisioterapeuta, além das medidas básicas de adaptação da casa do idoso – como tirar tapetes e objetos do meio do caminho – e o uso de sapato adequado (fechado na frente e atrás com solado antiderrapante), os profissionais de saúde têm um papel essencial na detecção do risco de queda. A American Geriatric Society possui diretrizes para os profissionais agirem nesse sentido. A primeira atitude é perguntar ao idoso se ele já caiu no último ano (em caso de resposta positiva, quantas vezes e em quais situações). Se ele nunca tiver caído, explorar sobre possíveis dificuldades de marcha, de equilíbrio ou para levantar e sentar. “É preciso agir antes que o idoso caia”, diz.
A partir das respostas, uma avaliação mais profunda pode ser indicada, porque as causas de queda podem ser muitas. Desde alteração do sistema nervoso central, arritmia, doenças osteoarticulares, Alzheimer, entre outras.
 
Veja o programa Bem Estar aqui.