Dar visibilidade à população idosa LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) é o objetivo principal de eventos como o Seminário Velhices LGBT, que teve a segunda edição este ano e contou com o apoio da SBGG-SP. “Essa população é duplamente marginalizada, tanto pelo preconceito de origem LGTBfóbica quanto pela velhice”, afirma Diego Miguel, especialista em Gerontologia pela SBGG, coordenador do Seminário Velhices LGBT e padrinho da ONG EternamenteSou, organizadora do evento.
Na opinião dele, os principais destaques do evento em 2018 foram suas conquistas. “Tivemos engajamento do poder público, dos profissionais que atuam nos segmentos LGBT e idosos, e das militâncias. Essa parceria é fundamental para atendermos a população idosa LGBT, que continua desconsiderada em suas especificidades”, diz.
O coordenador do evento ressalta que o trabalho é árduo, porque se trata de uma reconstrução cultural. “É necessário problematizar e favorecer um olhar mais sensível à diversidade em contraponto aos discursos igualitários, que muitas vezes podem ser perversos quando desconsideram os preconceitos e as opressões sociais sofridas pelos grupos minoritários. Dessa forma, a violência se torna naturalizada”, explica.
A questão da violência deu o tom das discussões, em especial porque não há dados nacionais oficiais quando a motivação da violência contra o idoso é de origem LGBTfóbica. Miguel diz que, para os profissionais de saúde e de serviços de atendimento ao idoso em todas as áreas, a escuta qualificada e a empatia são essenciais para não reforçar o preconceito e a violência. “Dar visibilidade ao tema nos serviços em que atuamos é uma importante estratégia a fim de promover reflexões e trocas de conhecimentos sobre gênero e sexualidade, problematizar construções socioculturais baseadas na heteronormatividade e romper com os preconceitos que podem existir em todas instâncias, desde o acesso dessas pessoas ao serviço quanto ao atendimento propriamente dito”, diz.
O especialista aponta que todos que trabalham com idosos em centros de convivência, centros-dia, instituições de longa permanência e mesmo em consultórios e hospitais devem se questionar, a fim de perceber se estão preparados para atender pessoas idosas transexuais, considerando sua identidade de gênero e compreendendo as questões biológicas e as socioculturais:
– Minha atuação reforça a opressão ao não saber lidar com as especificidades?
– O ambiente é propício para que esses idosos possam manifestar suas questões pessoais sem serem agredidos ou marginalizados no serviço, inclusive pelas outras pessoas idosas que participam das atividades?
– Sou conivente com situações em que pessoas idosas LGBT são aceitas se houver um pacto silencioso entre os demais idosos (ou com profissionais), como por exemplo: eu finjo que não sei e você finge que não é?
- (11) 93401-9710
- sbgg-sp@sbgg-sp.com.br