Manual de Terapêutica Não Farmacológica em Geriatria e Gerontologia

Manual de Terapêutica Não Farmacológica em Geriatria e GerontologiaA ideia de elaborar este Manual surgiu da maneira mais simples, mas também mais adequada para que algo seja feito – da necessidade aliada à oportunidade.
Fábio Padoan, residente de 1º ano do PRM em Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, atendeu no ambulatório breve em 2011 um homem com 76 anos, cuja queixa principal era não conseguir manter-se em pé devido a tonturas e turvação visual. A confirmação do diagnóstico de hipotensão ortostática foi imediata, visto que sua pressão arterial de 150 × 100 mmHg deitado reduzia-se para 70 × 40 mmHg sentado, sendo impossível que ficasse em pé para a avaliação. Por não terem sido detectadas quaisquer causas predisponentes ou complicadoras dessa condição, foram-lhe indicadas, mediante um roteiro de orientações, as medidas não farmacológicas, com as quais apresentou melhora da hipotensão e dos sintomas, voltando a deambular com a ajuda de um andador, o que lhe conferiu mais independência e autonomia.
Ao conhecer a evolução do caso clínico, perguntei ao jovem residente se tinha ideia de quão poucas pessoas saberiam o que fazer antes de propor algum tratamento medicamentoso àquele cliente. Depois de um pouco mais de reflexão, lembrei-me de quantas são as orientações capazes de tratar doenças e/ou minimizar sintomas que devem preceder às prescrições medicamentosas, cada vez mais extensas e mais complexas. Em geral, raramente são utilizadas na prática clínica, por vários motivos, facilmente refutáveis – “não funcionam” – há evidências suficientes para justificar sua recomendação; “os clientes não aderem” – não há fundamento que apoie essa opinião; “os clientes preferem medicamentos” – serão os clientes ou os profissionais que têm essa preferência?; “eu não as conheço bem” – é chegada a hora de conhecê-las.
Surgiu aí a proposta de fazer daquele simples roteiro de orientações uma coletânea de informações e evidências que pudessem multiplicar o emprego de medidas não farmacológicas em geriatria e em gerontologia. A sensibilização dos Preceptores, dos Residentes e Médicos-Assistentes do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para o grande desafio foi imediata. Todos se propuseram, rapidamente, a procurar o que de verdade existe nas propostas não medicamentosas para as principais afecções que acometem o idoso.
Na divisão dos temas por preferências e competências, combinamos o jovem mais interessado com o geriatra mais experiente em cada assunto. Surgiu assim, depois de muitas discussões e consensos entre os Editores e Autores, a decisão de que este Manual de Terapêutica Não Farmacológica em Geriatria e Gerontologia seria dirigido aos profissionais, dotando-os de informações e evidências para a prescrição dessas medidas e, em destaque, de uma planilha resumida com as orientações que poderiam (e deveriam) ser multiplicadas.
Para compor ainda melhor a textura desta obra, foi escolhido um dos nossos maiores defensores da ‘boa prática médica’ – o Professor Dario Birolini – para redigir o seu Prefácio. Por muitas décadas de convivência, pude desfrutar do seu conhecimento como eminente cirurgião, cuidadosamente emoldurado pela enorme experiência na busca pela melhor solução para o problema, na medida justa e adequada entre a escassez e o excesso. Exercita como poucos a rara arte de fazer o bastante. O texto com que nos brindou é um bom exemplo dessa virtude.
Como veem, há muito por se aprender a fazer e mais ainda por se fazer aprendendo. Peço apenas que não considerem este livro finalizado. Certamente, existem muitos outros temas que poderão ser incluídos em próximas edições. (Prof. Dr. Wilson Jacob Filho – Professor Titular de Geriatria da FMUSP)
Autor: Wilson Jacob Filho
Editora: Atheneu
Páginas: 188
Ano de lançamento: 2014