Quando a família opta por tirar o idoso de casa e colocar em uma instituição de longa permanência é, geralmente, porque não há outras opções, como mantê-lo em sua própria residência com um cuidador ou na casa de algum parente que possa ajudar nos cuidados. As razões podem ser variadas, como o idoso ter chegado a um grau de dependência em que seus familiares não dão mais conta.
Escolher uma instituição de longa permanência não é tarefa fácil. O ato exige muita responsabilidade na observação das facilidades, serviço e infraestrutura local e também envolve, na maioria das vezes, muito sentimento de culpa entre os familiares que, por mais que entendam que estão fazendo o melhor, costumam ser atormentados pela ideia (e muitas vezes julgamentos de terceiros) de que estão “abandonando” seu idoso.
“Eles costumam chegar com muitas dúvidas e não sabem nem o que é necessário observar”, conta Anabete Colás, gerente comercial do SBA Residencial.
Algumas questões precisam ser examinadas logo de início. Por exemplo, se a instituição tem todas as licenças necessárias para funcionamento. Todos os estabelecimentos desse tipo precisam do Cadastro Municipal de Vigilância em Saúde. Assim, a primeira providência a ser tomada é checar, por meio do CNPJ da instituição, a situação dela junto à Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde). Realize a consulta aqui.
A Covisa também dá orientações sobre o que observar na instituição. Verifique se:
- O local é limpo, iluminado e ventilado;
- O piso é antiderrapante e uniforme para evitar quedas. Não deve haver tapetinhos soltos na porta ou em outro local;
- Há rampas com barra de apoio ou corrimão;
- Os pisos das escadas são revestidos de material antiderrapante, com sinalização no primeiro e último degraus;
- As portas e entrada têm largura adequada para acesso dos usuários e permitem o trânsito de cadeira de rodas;
- Os sanitários e chuveiros possuem barras de apoio e comportam cadeiras de rodas
- As janelas e sacadas têm grades ou telas de proteção;
- Há leitos individuais com espaço para circulação de cadeiras de rodas entre eles;
- As roupas de cama estão limpas e são trocadas com frequência. Não deve haver odor de urina.
O Ministério Público do Estado de São Paulo também tem uma lista para guiar o familiar. Os itens são:
- Verifique se a instituição tem placa de identificação externa
- O responsável técnico pela casa deve ter curso superior e a casa deve contar com uma enfermeira formada;
- O número de profissionais deve ser suficiente para atender todos os idosos. A existência de profissionais sobrecarregados indica insuficiência de recursos humanos;
- Preste atenção à limpeza do ambiente. Não é normal a existência de odores desagradáveis;
- O local deve propiciar condições de mobilidade a um idoso com problemas de locomoção. Evite locais com escadas ou com muitos andares;
- A alimentação deve ser variada e suficiente. Não é normal que o idoso institucionalizado perca peso. Isso pode ser sinal de alimentação inadequada;
- Leve em consideração as queixas formuladas pelo idoso;
- O local precisa oferecer atividades de lazer, recreação física e cultural que estimulem a autonomia dos idosos;
- Considere necessária a existência de barras de segurança, principalmente nos banheiros onde o idoso independente permanece sozinho;
- Busque saber se a casa dispõe de atividades terapêuticas que estimulem o bem estar físico e mental do idoso.
Ter tudo à mão não é bom
Há muitas críticas sobre o estilo de vida moderno – em que as pessoas não precisam se levantar do sofá nem para trocar de canal de TV após a invenção do controle remoto. A mesma lógica vale para o idoso: não é positivo que ele tenha tudo à mão.
Uma pesquisa nos Estados Unidos feita pela Nothwestern University junto a idosos institucionalizados, mostrou que eles dão, em média, 1.680 passos por dia – muito inferior ao recomendado. Para a população geral, a indicação é de 10 mil passos diários e de 6.500 a 8.500 para pessoas com doenças crônicas. A descoberta mostra a situação crítica, já que atividade física está associada com melhora da memória, da qualidade de vida, da função cardiovascular e redução da mortalidade.
Daí a importância de o idoso estar em um ambiente com propostas de atividades físicas e culturais, a fim de que ele seja desafiado.
Embora a mesma pesquisa norte-americana recomende que o idoso seja responsável por cozinhar sua própria comida, quando possível, é preciso analisar os riscos. “Aqui, por exemplo, o idoso faz o que quer na hora que quer. Estimulamos que ele participe de diversas atividades. No entanto, no caso da comida, não permitimos por conta dos riscos. Ele pode ter seu microondas e cafeteira para lanchinhos”, explica Anabete.
Cabe, portanto, aos familiares fazerem sua escolha de acordo com o perfil do idoso e grau de independência e dentro do orçamento familiar.