“Nós não somos mais só geriatras. Nosso papel é de cuidado contínuo ao paciente idoso”, afirmou o geriatra João Toniolo Neto, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), lembrando que, cada vez mais é preciso que o médico e toda a equipe de saúde não considerem possível dar apenas a alta para o paciente sair do hospital. “É transição de cuidados. A gente deve dar alta de um lugar de assistência para o outro”.
Esse é o cenário para muitos idosos que, após uma internação, ainda têm necessidade de alguns cuidados que a família não consegue dar. “Nesses casos, não é possível dar alta hospitalar. Precisamos de um planejamento para uma transição segura de cuidados, ou seja, precisamos desospitalizar”, disse.
Em outros países, em especial nos Estados Unidos, são comuns os diferentes níveis de instituições que recebem o paciente após a alta hospitalar e antes de ele ir para casa. Aqui no Brasil, a situação ainda é incipiente, segundo o médico. No entanto, o cenário começa a mudar. “Algumas operadoras de planos de saúde já têm reconhecido que é melhor custo-benefício tirar o paciente do hospital e pagar uma assistência intermediária, ainda que isso não esteja previsto nos contratos”, explicou o geriatra. (Leia mais sobre essas unidades de cuidados intermediários aqui).
Evitar a hospitalização sempre que possível traz benefícios ao idoso. “Um idoso em condições críticas precisa do hospital e, embora a ida seja abrupta, a volta para casa precisa ser escalonada, passando por cuidados em meio termo antes de voltar para o lar”, disse o geriatra Wilson Jacob, da Universidade de São Paulo. Para isso são necessárias unidades de cuidados intermediárias, ainda raras no país.
E nem sempre o hospital é o local correto para a prestação do serviço de saúde. Segundo um estudo publicado no The New England Journal of Medicine, apenas uma entre 1.000 pessoas acompanhadas durante um mês precisou de internação em hospital de nível terciário. (The Ecology of Medical Care Revisited). Embora a família sinta-se mais segura quando o idoso está internado em um hospital que disponha de muitos recursos tecnológicos, nem sempre essa opção é a melhor. “Quando internados, os idosos ficam, em média, de três a quatro vezes mais tempo do que adultos entre 15 e 59 anos”, disse Jacob.
No futuro, para evitar longas hospitalizações, Toniolo Neto diz que a equipe de saúde deve visitar a residência do paciente, levar aos familiares as opções de cuidados fora do hospital e acompanhá-los nas visitas a esses lugares para que a transição hospitalar seja segura e tranquila para todos – pacientes, familiares e equipe de saúde.
(Os geriatras João Toniolo Neto e Wilson Jacob proferiram suas palestras na I Conferência Aché e Geriatria, que aconteceu em novembro em Campinas – SP).
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