A aposentadoria não é mais o fim da vida profissional. Levantamentos do Ministério do Trabalho e de consultorias privadas apontam que pelo menos 50% dos idosos aposentados voltaram a trabalhar ou nunca saíram do mercado de trabalho. Eles representam quase 24% da força de trabalho atual, segundo dados do PNAD/IBGE de 2013.
No entanto, a aposentadoria ainda é cercada de tabus por parte dos profissionais que estão quase chegando nessa fase. E não deveria ser assim, conforme Denise Mazzaferro, mestre em Gerontologia e sócia-diretora da Angatu IDH, consultoria em pós-carreira. Com o aumento da longevidade, após a aposentadoria, cada trabalhador deve ter, em média, ao menos mais uns 20 anos de vida. “Costumo dizer que atualmente não temos mais apenas uma carreira ao longo da vida, aquela que escolhemos aos 17 anos”, afirma.
Além da recusa em deixar a vida profissional, também estão em jogo as questões econômica e emocional. “Principalmente os homens, que passaram a vida na empresa, não se veem em casa. E as esposas também não os imaginam lá o dia todo”, explica Denise Mazzaferro, mestre em Gerontologia e sócia-diretora da Angatu IDH, consultoria em pós-carreira.
Como opção, muitos sonham em abrir seu próprio negócio na aposentadoria. No entanto, é preciso planejamento prévio. “Você guardou dinheiro para empreender? Não se pode gastar toda a sua reserva de vida e seu fundo de garantia”, diz a especialista. Infelizmente, porém, a falta de planejamento é o que Denise mais encontra entre os trabalhadores acima dos 50 anos nas empresas.
Outro problema que Denise costuma ver em seu dia a dia é que algumas pessoas vislumbram o pós-carreira como o momento de resolver todas as frustrações que foram carregadas até o presente na vida. “Se você não está bem, não precisa esperar se aposentar para se resolver. Não deposite todos os seus sonhos nessa fase, pois há coisas que podem ser feitas já”, explica. Isso inclui cursos e hobbies. “Você pode começar a fotografar, por exemplo, enquanto está trabalhando. Compre a câmera, faça um curso. Esse hobby pode até virar uma profissão depois, mas não deixe para começar tudo quando se aposentar”.
Um erro bastante comum também é o funcionário de uma grande empresa delegar seu planejamento de carreira e pós-carreira ao departamento de Recursos Humanos da empresa. “Não se pode contar com isso. Cada um tem que ser o protagonista de sua história”, afirma Denise.
Nos programas de pós-carreira que coordena, Denise propõe um exercício simples para os profissionais em atendimento. A proposta consiste em fazê-los pensar se as atividades que eles planejam para a aposentadoria serão capazes de gerar satisfação pelos próximos anos. “Um curso de arte vai preencher a pessoa por 20 anos?”, questiona a especialista. Por isso, a principal dica que a especialista dá é de nunca parar de planejar e sonhar. Além, é claro, de manter-se atualizado com as questões que hoje envolvem o mercado de trabalho, como a tecnologia, a economia circular e outros. “A CLT como existe hoje tende a acabar. Como será seu trabalho no pós-carreira? Você está se mantendo empregável?”, questiona Denise.
Por isso, na dúvida, a melhor pessoa para discutir seu futuro é seu companheiro ou companheira. “O parceiro é a pessoa mais impactada pelas decisões e é com ele que você compartilhará os anos de aposentadoria”, orienta a consultora.
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