Quem vê idade não vê AIDS

LightFieldStudios“Quem vê cara não vê AIDS” foi o tema da campanha sobre HIV do Ministério da Saúde em 2015. Quatro anos depois, o slogan continua valendo, dado o panorama do avanço da contaminação pelo vírus no Brasil. Hoje, além da “cara”, é possível afirmar que a doença também não vê idade. Dados divulgados recentemente pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo mostram que, entre 2017 e 2018, houve um aumento de casos registrados entre os adultos com mais de 60 anos na capital paulista, enquanto os demais grupos etários apresentaram queda.
A tendência na cidade de São Paulo é diferente do restante do país, cujo número total de casos cresceu. Foram 53 mil novos registros em 2018, em comparação a 44 mil no ano de 2010. As estimativas do Ministério da Saúde apontam um total de 866 mil brasileiros vivendo com o vírus, dos quais mais de 500 mil recebem atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde). E cerca de 150 mil não sabem que têm o vírus, segundo esses mesmos dados.
Como o crescimento continua maior entre os jovens, a nova campanha continua focada para essa população. No entanto, as consequências da infecção não cuidada nos idosos pode acarretar danos maiores para essas pessoas, já que com o envelhecimento o sistema imunológico tende a ser mais frágil, facilitando o acometimento das doenças oportunistas da AIDS, como pneumonia. Além disso, doenças crônicas como diabetes, dislipidemia, risco de AVC precoce e doenças cardiovasculares tendem a surgir mais precocemente nos adultos com HIV.
Parte do problema, segundo os especialistas, é a falta de costume da geração com mais de 60 anos em usar preservativos. Além disso, os medicamentos para disfunção erétil mais as tecnologias disponíveis para encontrar potenciais parceiros também tem contribuído para o aumento nas taxas.
Além da prevenção, o diagnóstico precoce é diferencial para a qualidade do tratamento. Nesse sentido, os números brasileiros são positivos – nos últimos cinco anos, o número de mortes pela doença caiu 22,8% – de 12,5 mil em 2014 para 10,9 mil em 2018.