Senescência e senilidade – qual a diferença?

senescenciaHá uma grande diferença entre os termos senilidade e senescência no âmbito teórico e também na vivência.
Ambos são ligados ao envelhecimento, no entanto, são quadros com impactos muito diferentes sobre a saúde.
“A senescência abrange todas as alterações produzidas no organismo de um ser vivo – seja do reino animal ou vegetal – e que são diretamente relacionadas a sua evolução no tempo, sem nenhum mecanismo de doença reconhecido”, explica o geriatra Wilson Jacob Filho, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São, portanto, as alterações pelas quais o corpo passa e que são decorrentes de processos fisiológicos, que não caracterizam doenças e são comuns a todos os elementos da mesma espécie, com variações biológicas. São exemplos de senescência a queda ou o embranquecimento dos cabelos, a perda de flexibilidade da pele e o aparecimento de rugas. “São fatores que podem incomodar algumas pessoas, mas nenhum deles provoca encurtamento da vida ou alteração funcional”, explica o médico.
Já a senilidade é um complemento da senescência no fenômeno do envelhecimento. O geriatra define como “condições que acometem o indivíduo no decorrer da vida baseadas em mecanismos fisiopatológicos”. São, dessa forma, doenças que comprometem a qualidade de vida das pessoas, mas não são comuns a todas elas em uma mesma faixa etária. “Assim são a perda hormonal no homem que impede a fertilidade, a osteoartrose, a depressão e o diabetes, entre outros comprometimentos”, explica Jacob Filho. Todas essas circunstâncias não são normais da idade e nem comuns a todos os idosos, por isso são caracterizadas como quadro de senilidade.
Nem sempre a diferenciação entre um quadro e outro é tão clara, diz o geriatra. “A alteração de memória, quando se esquece dos fatos mais recentes e lembra-se bem dos antigos, por exemplo, é frequente com o avançar da idade para todos os idosos, por isso é parte da senescência”, afirma. “No entanto, há alterações de memória que caracterizam doenças, como o Alzheimer, por exemplo”. Nesse caso, seria um quadro de senilidade.
Obviamente, todos os seres humanos gostariam de chegar à idade avançada apenas com quadros de senescência. “Teoricamente isso é possível, mas é bastante incomum”, explica o geriatra. O que se observa mais é um quadro prevalecer sobre o outro. “Se tudo o que um idoso tem como características são cabelos brancos, rugas, mas vitalidade, autonomia e independência, a senescência está prevalecendo”.  Ao contrário, se um indivíduo de 60 anos tem um evento como um AVC (acidente vascular cerebral) com sequelas e já não se move sozinho, apesar da idade pouco avançada, há um predomínio da senilidade.
Para prevalecer a senescência, Wilson Jacob Filho diz que não é assim tão difícil. Ele aponta quatro atitudes a serem tomadas ao longo de toda a vida. São elas:

  • Nutrição adequada a cada fase da vida
  • Atividade física constante
  • Relacionamento social presente
  • Controle de doenças crônicas – ainda que não seja possível evitá-las.

 
“Uma pessoa que se alimenta adequadamente, faz atividade física, desenvolve papeis sociais e afetivos ao longo de toda a vida e está atenta à prevenção de doenças, com vacinação em dia, controle de hipertensão, diabetes e outros problemas crônicos, a chance de evitar a senilidade e promover uma senescência saudável é bastante alta”, conclui o geriatra.