O médico Chao Lung Wen é chefe da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e desde 1997 tem atuado em pesquisa e projetos em telemedicina. Desde 2005 ele trabalha com o geriatra Wilson Jacob Filho, professor titular da FMUSP, na Telegero, iniciativa que conecta universidades, centros de saúde, hospitais e organizações para videoconferências na temática do envelhecimento.
Foi baseado em suas décadas de experiência que Chao falou sobre o tema no webinar “Telessaúde para o idoso em tempos de coronavírus”, realizado pela SBGG-SP em parceria com a Danone. A mediação foi do geriatra Paulo de Oliveira Duarte, membro da diretoria da SBGG-SP.
De início, o especialista fez uma breve retomada histórica dos principais marcos da transformação digital no mundo e que tiveram efeito direto no desenvolvimento da telemedicina. “Embora ela tenha nascido na década de 1960, foi a partir de 2007 que ela acelerou graças ao surgimento do iPhone, que mudou o conceito de telefonia celular com a criação de um smartphone que é um sistema computacional de bolso”, explicou. “Estamos chegando à era das casas inteligentes. A medicina precisa se transformar em medicina conectada, e o braço para essa transformação se chama telemedicina”, ressaltou.
O médico ressalta que não há competição entre telemedicina e medicina. “A telemedicina é um método investigativo da medicina, que utiliza recursos digitais interativos para ampliar os serviços, a logística e os cuidados de saúde aos pacientes. É, portanto, um ato médico”, disse. O desconhecimento, segundo ele, se deve ao fato de que a primeira restrição do Conselho Federal de Medicina em relação à telemedicina, há 18 anos, a impediu de tornar-se disciplina obrigatória na formação médica. Mas devido à pandemia de covid-19, a telemedicina foi regulamentada pelo Ministério da Saúde em caráter provisório.
“Em 45 dias, por conta da epidemia, evoluímos mais do que em oito anos em relação aos processos regulatórios. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também reconheceu a telemedicina como uma forma de prover serviço de saúde para a população sem oferecer risco de contágio bilateral”, detalhou. Isso significa que os planos de saúde devem oferecer a modalidade para seus usuários e pagar o valor completo da consulta para o médico. “Por ser um ato médico, a responsabilidade toda é do profissional, por isso não cabe pagamento menor”, disse.
O especialista ainda ressaltou que é necessário utilizar ferramentas que garantam a total privacidade dos dados, o que não acontece com as gratuitas de uso no dia a dia, como WhatsApp. “Há ferramentas específicas para o atendimento e isso é necessário como garantia para o médico. Ele precisa ter certeza de manter a confidencialidade e o sigilo da consulta e a integridade dos dados”, alertou. Ele cita que de cada 10 processos contra médicos, 6 envolvem mensagens trocadas por WhatsApp.
Para idosos com dificuldade em usar tecnologia, Chao propõe uma primeira sessão de orientação para o uso ou o apoio de familiares e cuidadores.
Telessaúde
“Estou falando exclusivamente de telemedicina por respeito às demais profissões. A telemedicina é exercida por médicos e regulada pelo CFM. Mas existe, sim, a telefisioterapia, telefonoaudiologia e assim por diante, cada uma regulada por seu conselho. O conjunto de todos forma o que se chama telessaúde”, explicou.
Para ele, a telemedicina, assim como a telessaúde, não terá fim após a pandemia. “A partir do momento em que tivemos a experiência, agora temos de aprimorar o conceito de saúde conectada e aumentar o acesso à saúde”, disse Chao. Segundo o especialista, cada profissão saberá como usar melhor esse método, talvez usando a conectividade para tratamentos híbridos – parte presenciais, parte à distância – permitindo que o profissional acompanhe mais regularmente seus pacientes.
Para assistar ao webinar, acesse aqui.
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