Virada da Maturidade – um balanço

VIRADAUm mês após a 2ª edição da Virada da Maturidade, que aconteceu na cidade de São Paulo, com apoio da SBGG-SP, reunimos três participantes ativas da organização e realização do evento para um bate-papo sobre o que aconteceu e a importância da iniciativa. Conversaram a geriatra Maisa Kairalla, presidente da SBGG-SP, a fonoaudióloga Luciane Soares, presidente de Gerontologia da SBGG-SP e a nutricionista Elci de Almeida Fernandes, do conselho consultivo da instituição.
A Virada da Maturidade contou com o apoio da SBGG-SP. Quais os benefícios desse apoio para ambos os lados?
Maisa – A SBGG-SP tem como um dos seus pilares de gestão o envolvimento com a população do Estado de São Paulo. A Virada da Maturidade é um exemplo desta missão. Pelo segundo ano, a entidade analisou e aprovou cientificamente todos os projetos que foram realizados nesse evento, trazendo maior credibilidade e ajudando as instituições parceiras a criar propostas com cunho gerontológico. A Virada da Maturidade foi um expressivo evento para o crescimento da participação do idoso na sociedade.
 
A SBGG-SP tem grande preocupação com a educação e informação da sociedade em geral em relação ao envelhecimento ativo. De que maneira a Virada é um instrumento para isso?
Luciane – Esse evento vai ao encontro da proposta da SBBG-SP de apoiar e promover eventos científicos que favoreçam discussões e reflexões sobre o bem envelhecer e que possam desenvolver junto à população um novo olhar sobre o processo de envelhecimento. Isso porque a Virada reuniu atividades culturais e vivenciais e debates ligados ao tema da maturidade, visando favorecer a reflexão para valorização e investimento em envelhecimento ativo, evidenciar o protagonismo do idoso e sua experiência de vida e inspirar positivamente os idosos e toda a sociedade.
Elci – A Virada procurou resgatar o melhor dos idosos de hoje e produzir discussões que favoreceram a reflexão sobre o bom envelhecimento. A evidência do protagonismo do idoso, a experiência de vida e as alternativas de satisfação do envelhecimento saudável foram os focos da execução do evento.
 
De que maneira os profissionais da saúde contribuíram com a Virada? Qual papel se espera deles para a próxima edição?
Luciane – Os profissionais da saúde participaram da Virada como proponentes de atividades com foco na saúde, satisfação, produtividade, sabedoria e bem viver na maturidade e não doença. Eles coordenaram essas atividades junto ao idoso protagonista e à população em geral. Aqueles com mais de 60 anos foram os próprios protagonistas, demostrando seu talento e produtividade como pensadores, artistas, atletas, poetas e muito mais.
Espera-se a participação de mais profissionais na próxima Virada, que estejam engajados em mobilizar cada vez mais a população para um olhar sobre a importância do protagonismo do idoso e o investimento em envelhecimento ativo.
Elci – A participação dos profissionais foi ativa, dinâmica e interativa, provavelmente pelo próprio envolvimento que cada um já tem em sua atuação em atividades com os idosos. Os voluntários mostraram integração, interesse e responsabilidade nas suas escalas e tarefas de avaliação da execução delas. Espera-se que a cada ano profissionais coordenadores, instituições que trabalham com os idosos e voluntários com interesse em conhecer melhor a importância de um envelhecimento saudável envolvam-se mais na organização pré-evento, durante as execuções da programação e na preparação dos idosos para seu protagonismo vivencial cada vez maior.
 
O que vocês consideram como o principal desafio ainda hoje para que o idoso assuma seu protagonismo social e cultural? 
Maisa – A população brasileira ainda necessita de um maior conhecimento acerca do envelhecimento do país, bem como do papel do idoso na sociedade. O Brasil envelheceu sem que a população tomasse o verdadeiro conhecimento da importância deste fato. A maioria dos idosos se afastou da sociedade e se esqueceu do importante fato de que eles têm um notável protagonismo social e cultural. Há hoje no país vários acontecimentos que farão os idosos assumirem mais ativamente este cenário, tal como o fato de os jovens procurarem novos mercados de trabalho no exterior. Acreditamos que uma nova conscientização esteja ocorrendo. Cabe a nós da SBGG-SP promover este conhecimento, a exemplo de eventos como a Virada da Maturidade.
Elci – A parceria das Instituições, da mídia e da sociedade, formando uma rede de reconhecimento e valorização do envelhecimento saudável é um desafio. Elas poderiam ajudar a evidenciar a importância da participação dos idosos e trazer um maior movimento de investimento no envelhecer, tornando mais forte a atenção a esta população e possibilitando uma longevidade com melhor qualidade de vida.
 
Qual o perfil do público que frequentou as atividades? Vocês acham que o público em geral está começando a se interessar mais pelos temas referentes ao envelhecimento? As próximas gerações de idosos tendem a ser mais ’empoderadas’ em relação ao envelhecimento ativo?
Elci – As atividades foram executadas sempre com a participação de idosos e coordenadas por profissionais experientes na área de atividade. Visitantes de diferentes idades tiveram a oportunidade de participar, trocar experiências e discutir assuntos ligados ao tema da maturidade. O público em geral e as instituições estão despertando seu olhar sobre a presença e a participação dos idosos na sociedade e, desta forma, buscando investimento no idoso e na preparação da qualidade para uma longevidade saudável.