Cuidado e atenção à saúde mental do seu paciente

Já explicamos neste artigo que as transformações decorrentes do processo de envelhecimento – como sintomas físicos que causam limitações no dia a dia ou a perda/distanciamento de pessoas queridas – podem afetar a saúde mental das pessoas idosas.

Os transtornos mentais mais comuns nas pessoas idosas são depressão, ansiedade, esquizofrenia e demência (sendo a doença de Alzheimer a principal). De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019, no Brasil a depressão é mais prevalente entre as mulheres e pessoas da faixa de 60 a 64 anos (representando cerca de 13% da terceira idade).

Além disso, a Sociedade Brasileira de Geriatria (SBGG) chamou a atenção para um triste dado, mas importante para a conscientização de especialistas, familiares e cuidadores: segundo o Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil, do Ministério da Saúde, a taxa de suicídio entre pessoas com mais de 70 anos é alta, com cerca de 8,9 mortes por 100 mil nos últimos seis anos.

Diante desses dados, o que fazer?

De acordo com Almeida O. em seu artigo “Saúde mental do idoso: uma questão de saúde pública” (leia o artigo aqui), devido à alta prevalência nesta população, além de poder ser considerada um problema de saúde pública, a depressão é uma condição constantemente associada a multimorbidades e aumento do risco de suicídio e morte nesta faixa etária. Segundo a especialista, “apesar da sua relevância, o grau de conhecimento dos profissionais de saúde envolvidos no cuidado ao idoso com relação à identificação de vulnerabilidades emocionais ou psicossociais ainda é limitado, refletindo a insuficiência de publicações científicas sobre o tema.”

Por isso, durante o atendimento ao paciente, o cuidado e a atenção com sua saúde mental são ações de extrema importância:

– Se possível, converse com a pessoa idosa e escute o que ela tem a dizer.

– Verifique com familiares ou cuidadores sobre mudanças repentinas em seu comportamento.

– Investigue se o paciente possui questões neurológicas – como falhas de memória ou dificuldade de raciocínio – e também sintomas emocionais – como apatia, tristeza e mudanças frequentes no humor.

– Diante da suspeita de problemas emocionais, oriente sobre intervenções que possam ajudar no resgate do bem-estar, como acompanhamento com um especialista, inclusão de atividades físicas na rotina e medidas de socialização.

Identificar fatores de risco que possam afetar a saúde mental do seu paciente (como presença de multimorbidades, alterações no sono, quedas frequentes e problemas de visão) é importante para iniciar rapidamente o tratamento adequado e, assim, reduzir futuros eventos negativos, contribuindo para um envelhecimento ativo e saudável.

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