Dia Mundial de Combate Ă ViolĂȘncia contra o Idoso
- Jean Carlo Freitas
- 14 de jun. de 2017
- 3 min de leitura
A violĂȘncia contra o idoso tem muitas formas e o principal agressor costuma ser o filho. Essa afirmação tem como base a anĂĄlise das denĂșncias de atos de violĂȘncia recebidas pelo Disque Direitos Humanos, chamado de Disque 100, serviço de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, ligado ao MinistĂ©rio dos Direitos Humanos no Brasil. Em 2016, foram registradas 32.362 denĂșncias de violĂȘncia contra a pessoa idosa, um total de 25% das ligaçÔes recebidas pelo serviço (apenas inferior Ă quelas relacionadas a crianças e adolescentes, com 57% das denĂșncias). Em 15 de junho celebra-se o Dia Mundial de Combate Ă ViolĂȘncia contra o Idoso. O nĂșmero foi um pouco superior ao registrado em 2015, de 32.238 denĂșncias. Embora seja alarmante, Ă© preciso considerar que a realidade deve ser ainda pior. âSabemos que os dados de notificação estĂŁo aquĂ©m da realidade. HĂĄ uma subinformaçãoâ, diz a geriatra Maisa Kairalla, presidente da SBGG-SP (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia seção SĂŁo Paulo). Por isso a importĂąncia do envolvimento de entidades como a SBGG-SP em campanhas de conscientização. âSomos nĂłs, junto com a população, que poderemos promover informação para problemas graves como a violĂȘncia contra idososâ, afirma a mĂ©dica. O aumento nas denĂșncias pode ser explicado pelo trabalho de conscientização que tem sido feito por meio de campanhas e pela possibilidade oferecida pelo Disque 100 de que o denunciante se mantenha no anonimato. Por outro lado, a subnotificação se dĂĄ porque o agressor normalmente estĂĄ dentro da prĂłpria casa do idoso. No total de casos do Disque DenĂșncia, 54% das violaçÔes denunciadas sĂŁo causadas por um filho ou filha, 8% netos, 5% genro ou nora e 3% esposo ou esposa. Ou seja, nada menos que 70% das denĂșncias envolvem familiares e, em mais de 90% dos casos, a agressĂŁo ocorre dentro de casa. Especialistas dizem que o fato de o agressor ser geralmente um familiar dificulta que a denĂșncia seja feita pelo prĂłprio idoso, que se sente culpado ou mesmo envergonhado por acusar o parente. Desde 2011, mais de 60% das vĂtimas idosas sĂŁo mulheres. Os tipos de violĂȘncia tambĂ©m sĂŁo variados â 38% envolvem negligĂȘncia, 26% violĂȘncia psicolĂłgica, 20% abuso econĂŽmico/financeiro e patrimonial e cerca de 14% violĂȘncia fĂsica. Ă comum, no entanto, que o idoso sofra mais de um tipo de violĂȘncia. JĂĄ que o agressor normalmente estĂĄ dentro do lar do idoso, os profissionais de saĂșde tĂȘm papel fundamental para detectar se seu paciente estĂĄ passando por alguma situação desse tipo. âĂ possĂvel perceber a violĂȘncia ao notar que o idoso apresenta alteraçÔes comportamentais e fĂsicas, como problemas no sono, ferimentos, tristeza e choro frequentesâ, orienta a geriatra. O Estatuto do Idoso, lei nâ° 10.741, de outubro de 2003, torna obrigatĂłria a notificação, por parte dos serviços de saĂșde pĂșblicos e privados, da suspeita ou confirmação de violĂȘncia contra idosos. Cada tipo de violĂȘncia tem uma punição prevista em lei, que pode variar de acordo com os MinistĂ©rios PĂșblicos Estaduais. Em Mato Grosso, por exemplo, a recomendação Ă© de que a violĂȘncia domĂ©stica seja considerada crime inafiançåvel. JĂĄ os familiares, em caso de desconfiança de que algum parente esteja agindo negativamente, devem ficar atentos se o idoso tem medo de certas pessoas ou se perceber ferimentos sem explicação. Nesse caso, se nĂŁo conseguir que o idoso se abra sobre a situação, sempre Ă© possĂvel, em especial no caso de idosos dependentes, colocar cĂąmeras na residĂȘncia. Em caso de denĂșncia, qualquer pessoa pode ligar 100 pelo celular ou telefone fixo. A ligação Ă© gratuita e recebe denĂșncias sobre qualquer tipo de violação de direitos humanos. No caso especĂfico para idosos, Ă© preciso escutar a mensagem automĂĄtica e apertar o nĂșmero 2. A denĂșncia pode ser feita pelo prĂłprio idoso ou por terceiros. Os casos sĂŁo analisados e encaminhados aos ĂłrgĂŁos de proteção e defesa da regiĂŁo da ocorrĂȘncia.  Comparativo anual das denĂșncias do Disque 100